Adaptação do romance de David Mitchell, feita a seis mãos pelos irmãos Wachowski (Larry agora chama-se Lana) e pelo alemão Tom Tykwer. Várias histórias a correrem paralelamente, em tempos históricos diferentes, numa mistura de géneros que cobre o “filme de época” (século XIX, anos 30 do século XX) e a ficção científica futurista e distópica.

Reconheça-se alguma singularidade ao projecto narrativo, e reconheça-se ainda uma sobriedade inesperada tratando-se dos Wachowski (não há nada que bula com os nervos como Speed Racer bulia). Mas reconheça-se também que há nenhuma ideia boa para lidar com toda esta diversidade: as histórias “colam-se” de modo aleatório, numa lógica que deriva mais de um processo de zapping do que uma reflexão consistente sobre a montagem. Toda a energia se investe nesse zapping - dentro de cada sequência tudo é muito plácido, numa tepidez de “linha branca”, convencional e sem rasgos, como um telefilme cronologicamente desarrumado. Sabe a muito pouco, torna-se bastante maçador. E depois ficamos com a “filosofia”, razoavelmente naif: isto anda tudo ligado, existe uma coisa que se chama História. Apesar de tudo, descoberta que não será totalmente inútil para uma geração de moviegoers - adolescentes, a quem o filme prioritariamente se destina - com um sentido histórico cada vez mais limitado.