O cinzento a galope

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Podemos respirar de alívio. O título da reportagem de Lucinda Canelas no PÚBLICO de ontem encheu de alegria os peitos de todos os lisboetas: "D. José I e o seu cavalo verde vão deixar de ser verdes até ao próximo Verão."

Esse verde insuportável, que tirava toda a graça ao Terreiro do Paço, emprestando indesejados matizes de cor à luz de Lisboa, vai desaparecer já em Agosto de 2013. Para quem já esperou tanto tempo, não é nada. Quando as praias estiverem cheias e Lisboa estiver deserta, D. José I e o cavalo dele ficarão cinzento-escuro.

A mudança de cor custará apenas 490 mil euros. Considerando o tamanho da estátua (é bastante grande) até nem é caro. Não sei quanto sai por metro quadrado mas deve ser mais ou menos o que custa pintar de cinzento-escuro um velho Mercedes verde.

Se pensa que 490 mil euros é muito dinheiro fique a saber que só dá para comprar 11 quilos de ouro de 24 quilates. Derretendo-os, não daria sequer para cobrir o cavalo, que é rabudo.

O dinheiro não sai do nosso bolso pelo que não podemos fazer piadas baratas sobre melhores maneiras de gastar tanta massa. Resta-nos agradecer.

Quem se lembra do Marquês de Pombal verde e da vergonha que sentia quem por lá passasse (e passavam lá muitos turistas...) poderá agora, se o trânsito permitir, passar a incluir o Terreiro do Paço no seu itinerário pitoresco da cidade de Lisboa.

O cinzento-escuro foi sempre a mais lisboeta das cores e só Deus sabe a falta que nos faz.

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