Schumacher vai regressar a casa com um carro a mais e os mesmos títulos

Piloto alemão termina no domingo a sua segunda aventura nas pistas. À sua espera terá um "souvenir" e uma homenagem no Brasil.

Foto
Schumacher no Brasil, com um olhar melancólico Toru Hanai/Reuters

Sim, foi justamente depois de uma corrida no circuito brasileiro que Schumi se afastou da competição pela primeira vez, em 2006. Na altura, foi Pelé quem fez as honras da casa e lhe entregou um troféu de reconhecimento pelas proezas nas pistas. Na altura, a Ferrari presenteou-o com o monolugar que conduzia e que, guardado em sua casa, em Gland (Suíça), o terá ajudado a equacionar um regresso à competição.

Dentro de dias, tudo indica que receberá, da parte da Mercedes, um tributo semelhante. De acordo com o jornal alemão Bild, a escuderia prepara-se para oferecer ao piloto, que conta com sete títulos mundiais de Fórmula 1, o monolugar (W03) com o qual competiu esta temporada. Será mais uma "recordação" milionária a juntar ao stock.

Este tratamento de excepção aplica-se a um piloto de excepção. Pode discutir-se se a decisão de regressar às pistas, no final de 2009, foi acertada ou se veio de alguma forma manchar um estatuto difícil de igualar. Mas a versão que fica para a história é a da primeira vida competitiva de Schumacher.

Nesse período, de 1991 a 2006, representou três equipas (Jordan, numa corrida apenas, Benetton e Ferrari) e alcançou 91 vitórias em Grandes Prémios, 43 segundos lugares, 68 pole positions e 77 voltas mais rápidas. Um currículo recheado de números ao alcance de muito poucos.

São eles que validam as palavras de reconhecimento de Fernando Alonso e Sebastian Vettel. Já em São Paulo, os dois pilotos que vão disputar entre si o título mundial, naquela que será a última prova da temporada, deixam elogios ao adversário. "Mudou este desporto", assinala o espanhol. "Foi uma inspiração", refere o alemão.

Schumacher cede a partir de domingo, e em definitivo, os holofotes ao compatriota, que lhe tem seguido as pisadas no arranque da carreira. "Sebastian e eu somos amigos há muito tempo. Acompanhei a sua evolução até à Fórmula 1 e vi-o progredir imenso, o que evidentemente me orgulha", nota o "Kaiser", que, já consagrado, chegou a ser convidado para distribuir prémios pelas competições mais baixas do automobilismo alemão, onde se cruzou com Vettel, que pode agora tornar-se no mais jovem tricampeão da história da Fórmula 1.

Por todas as razões, o Grande Prémio do Brasil deste ano terá significado acrescido. Schumacher admite hoje, sem rodeios, que a reconquista do título era um dos objectivos, quando optou por sair do sofá e assinar pela Mercedes. "Pensei que, em dois anos, poderia estar pronto para ganhar o campeonato. Era uma equipa que tinha acabado de ser campeã e julguei que, ao unirmos forças, conseguiríamos esse objectivo. Mas não fomos bem sucedidos" admitiu à RTL.

Em três épocas, o melhor que conseguiu foi um terceiro lugar, no GP da Europa deste ano. A Mercedes virou-se, entretanto, para Lewis Hamilton (com quem assinou um contrato milionário para 2013) e o alemão, aos 43 anos, encontrou nesta decisão a justificação mais óbvia para descalçar as luvas. Hoje, quando entrar na pista de Interlagos para os treinos livres, deverão ser muitos os flashbacks na sua cabeça. Afinal de contas, foi ali que começou a desenhar-se o seu primeiro título mundial, em 1994.
 
 
 
 
 

Sugerir correcção
Comentar