É uma ideia extraordinária: uma mulher que deixa de se reconhecer, a si própria, aos outros, ao mundo em que vive, e que se pergunta se está a dar em doida ou se o mundo está a conspirar contra ela. No caso, Sophie Marceau, escritora de sucesso que vê o seu editor recusar uma ficção autobiográfica à volta da infância da qual não se recorda, dá por si a transformar-se em Monica Bellucci - e durante a primeira hora, a actriz e realizadora Marina de Van, antiga colaboradora de François Ozon, constrói uma intrigante ficção da angústia que oscila entre Hitchcock e Cronenberg com inteligência e elegância. Só que a premissa deste ensaio sobre a percepção e a identidade é de tal modo poderosa que qualquer resolução corre o risco de esvaziar o balão. E, à medida que Sophie/Monica compreende que a solução para a sua paranóia reside nas memórias que reprimiu, Ne te Retourne Pas perde credibilidade, perde interesse e perde o espectador.
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