Católicos integristas franceses contra casamento gay agridem feministas em manifestação
Alguns jornalistas também foram espancados.
“Uma dezena de militantes da associação Femen decidiram fazer um protesto pacífico e chegaram vestidas de freiras e com frases humoristicas. Quando se aproximaram dos manifestantes [católicos da Civitas] eles começaram a bater”, disse à AFP a jornalista e escritora Caroline Fourest.
“As raparigas levaram pancada no corpo todo” e também alguns jornalistas que filmavam os protestos. “Sim, os fotógrafos também foram espancados”, confirmou um fotógrafo da AFP.
A marcha anti-casamento gay foi organizado pela organização Civitas, conotada com os católicos integristas, um dia depois da grande manifestação que juntou cem mil pessoas em Paris e noutras cidades francesas contra estas uniões.
Ontem, milhares de pessoas juntaram-se junto do Ministério da Família, começando depois uma marcha em direcção à Assembleia Nacional (Parlamento). Na cabeça da manifestação um grande cartaz dizia “Uma mamã e um papá para todas as crianças”. Os manifestantes — um grupo muito heterogéneo, com jovens, idosos e famílias — levavam bandeiras com cruzes cristãs e flores-de-lis.
“O nosso objectivo — disse a um pequeno grupo de jornalistas Alain Escada, da Civitas — é travar uma verdadeira batalha pela salvaguarda da família e das crianças”. “O casamento homossexual é a caixa de Pandora que vai permitir que outros reivindiquem o casamento poligamo”, disse Escada acrescentando que o objectivo da sua organização é “libertar a voz dos franceses”.
Para Alan Escada, a homossexualidade é “um mal que deve ser corrigido, devendo as pessoas que têm este pecado optar pela abstinência”.
A ministra dos Assuntos Sociais, Marisol Touraine, disse respeitar a “preocupação” dos manifestantes mas sublinhou que o Governo não abdicará da nova lei, que aguarda aprovação, legalizando o casamento homossexual civil — neste momento é apenas permitida uma união civil, que priva os cônjuges de muitos dos direitos de que os casais heterossexuais usufruem, por exemplo o direito sucessório e a adopção.
No sábado, o Papa Bento XVI incitara a igreja católica francesa a reagir, fazendo-se “ouvir sem parar e com determinação nos debates da sociedade”.
Uma sondagem publicada na imprensa francesa na quinta-feira da semana passada revela que 61% dos cidadãos é a favor do casamento gay, mas apenas 48% defende a adopção por parte de casais do mesmo sexo.