Ventos estão a fazer aumentar o gelo no mar na Antárctida

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Há mais gelo sobre o mar da Antárctida DR

Já se sabia que a massa de gelo sobre o mar da Antárctida estava a ampliar-se. Em Setembro, a área congelada à volta do continente atingiu a marca recorde de 19,44 milhões de quilómetros quadrados. Entre 1979 e 2010, houve um crescimento médio de 0,9% por década – com variações ano a ano e conforme a região da Antárctida.

Os modelos climáticos actuais não conseguem explicar bem as razões deste aumento. Cientistas da British Antarctic Survey e da NASA sugerem, agora, que as variações na cobertura gelada estão estreitamente relacionadas com os ventos locais, de acordo com o estudo publicado na revista Nature Geoscience. Esta tese resulta da análise de cinco milhões de medições da cobertura de gelo, ao longo de 19 anos (1992-2010), a partir de imagens de satélites.

“Este estudo com observações directas de satélite mostra a complexidade das alterações climáticas. A cobertura total de gelo no mar da Antárctida está a crescer lentamente, mas algumas regiões em particular estão a presenciar ganhos e perdas muito maiores, que quase se anulam no final”, afirma Paul Holland, autor principal do estudo, num comunicado da British Antarctic Survey.

O estudo concentra-se apenas sobre o gelo que está sobre o oceano – ou seja, água do mar congelada – e não sobre a cobertura gelada do continente antárctico em si. Esta segunda está a perder volume.

No outro extremo da Terra, no Árctico, a cobertura de gelo sobre o mar está a diminuir aceleradamente. Em Agosto e Setembro deste ano, foi batido um novo recorde de área mínima, desde que há séries de imagens de satélite. A superfície gelada estava reduzida a 3,41 milhões de quilómetros quadrados – cerca de 18% a menos do que o mínimo anterior, registado em 2007 (4,17 milhões de quilómetros quadrados).

“A cobertura de mar congelado na Antárctida interage com o sistema climático global de uma forma muito diferente do que a do Árctico”, explica Ron Kwok, investigador da NASA e co-autor do estudo.

Uma das razões está no facto de a Antárctida não estar a aquecer tanto como o resto do mundo em geral, ou o Árctico em particular.

O estudo refere que as alterações nos padrões dos ventos na Antárctida podem ser explicadas em parte pela variabilidade natural do clima, mas também pela influência de outros factores, de origem humana, como o buraco na camada de ozono e o aumento na concentração de gases com efeito de estufa. Os investigadores reiteram, por isso, “a necessidade de uma melhor compreensão” tanto das alterações nos ventos, como da influência humana sobre o clima.
 
 

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