Lincoln: o regresso "esplêndido" de Spielberg
O realizador prescindiu das sequências mais espectaculares para se focar no retrato pessoal e político do Presidente
Uma "sinfonia de tragédia e esperança que celebra o grande triunfo de Lincoln", escreveu o New York Times sobre o novo filme de Steven Spielberg, que, depois de ter passado em Outubro no Festival de Nova Iorque, chegou ontem às salas de cinema norte-americanas. E Spielberg regressará, diz o jornal, "esplêndido". A crítica curva-se perante o retrato real e intimista de um Presidente norte-americano. Pode ser a oportunidade de Spielberg de voltar a unir o apoio da crítica e o entusiasmo do público.
Daniel Day-Lewis foi a escolha do realizador para interpretar Abraham Lincoln, e há muito que a performance do actor está a ser considerada uma das mais marcantes do ano - a revista Time deu capa ao "maior actor do mundo", o Village Voice diz que o já vencedor de dois Óscares é "o melhor actor da sua geração".
Para o New York Times, a arte de Spielberg está nas "passagens de absoluto silêncio onde as imagens falam por sim mesmas". Roger Erbert do Chicago Sun-Times escreveu que raramente viu um "filme atento cuidadosamente aos detalhes dos políticos".
O realizador terá prescindido das sequências mais espectaculares para se focar no retrato pessoal e político do Presidente. Numa entrevista à agência canadiana de notícias Postmedia News, Spielberg explicou a necessidade de quebrar o estereótipo cultural sobre Lincoln. "Precisamos de nos focar num homem que era Presidente, pai e marido".
Em plena guerra civil, Lincoln luta contra a oposição que o apelida de ditador e assiste a uma divisão dentro do próprio Partido Republicano. O filme centra-se nos últimos quatro meses de vida do 16.º Presidente dos EUA e na sua dúvida perante a perspectiva de a abolição da escravatura prolongar o conflito. Lincoln, tem guião de Tony Kushner, vencedor de um Pulitzer, chega às salas nacionais a 31 de Janeiro do próximo ano.