Isabel Cordeiro é uma “excelente escolha” para directora-geral do Património

Cordeiro, 46 anos, tem uma longa carreira nos museus, área para a qual entrou com Simonetta Luz Afonso, que liderou a criação do Instituto Português de Museus. Chegou a subdirectora da instituição no consulado de Manuel Bairrão Oleiro e nos últimos quatro anos foi directora do Palácio Nacional de Queluz. É licenciada em História, variante Arte, pela Faculdade de Letras de Lisboa.

“A Isabel é uma excelente escolha”, disse ao PÚBLICO Simonetta Luz Afonso, actual presidente da Assembleia Municipal de Lisboa. “É uma pessoa capacíssima, muito inteligente, trabalhadora e estudiosa. Além disso é cordial, está habituada a criar consensos, o que é obviamente importante numa altura como esta, em que as dificuldades levam as pessoas a extremar posições.” Anabela Carvalho, actualmente no Museu do Chiado e que a conheceu no início do IPM, diz que Isabel Cordeiro junta a formação em história de arte à capacidade de gestão: “Alia a especialização, o conhecimento dos assuntos, e a capacidade de gestão. As pessoas, geralmente, ou têm uma coisa ou outra, é raro juntarem as duas.” Nas palavras de Luz Afonso: “É alguém que não assentou praça em general – começou por baixo e, por isso, tem um conhecimento profundo do mundo dos museus. Tudo o que ela mandar fazer, já fez.”

O antropólogo Joaquim Pais de Brito, director do Museu Nacional de Etnologia, considera que a Direcção-Geral do Património Cultural entregue a Cordeiro é “uma belíssima notícia”: “É uma profissional notável. Foi uma interlocutora muito compreensiva em relação aos bloqueios e dificuldades com que as equipas dos museus trabalham, que são quase por definição situações carenciadas. Mais ainda em situação de crise. Para ela, no contexto actual, não será fácil.”

Sobre as qualidades de Isabel Cordeiro para dirigir o maior instituto da área da Cultura, com valência na área dos museus mas também da conservação e salvaguarda do património, Pais de Brito lembra que Cordeiro também dirigiu o Palácio de Queluz, que coloca problemas de conservação do património arquitectónico: “Ela conhece a realidade deste universo amplo do património. É uma pessoa dialogante e muito sistemática.”

Essa capacidade de definir objectivos e ir em frente é sublinhada por Anabela Carvalho. “É muito conhecedora das áreas, com capacidade de liderança.” Sobre o inesperado de ter na cadeira do director-geral do património alguém da área dos museus, que terá de gerir a área da salvaguarda do património arquitectónico, como todos os processos de autorização de obras, Carvalho diz que ela é mulher com energia para isso: “É muito capaz de eleger equipas e de as liderar. Ela mete-se muito facilmente dentro dos assuntos.”

O seu grande desafio como directora-geral será “manter a qualidade” num cenário de grandes restrições orçamentais, diz Simonetta Luz Afonso, sem deixar de estar atenta à internacionalização e à ligação com o turismo, “a grande mais-valia do património”. “As pessoas que acham que é estranho ver alguém dos museus à frente da Direcção-Geral do Património esquecem-se que os museus são, eles mesmos património. A maioria, aliás, está instalada em edifícios de valor patrimonial.”

Cordeiro terá agora de gerir uma mega instituição que tem no património imóvel — monumentos e sítios arqueológicos — o seu maior desafio. À sua espera tem, por exemplo, uma legislação complexa e centenas de processos de classificação em curso, muitos dos quais caducarão no fim do ano. A salvaguarda do património lida com questões ao nível dos centro históricos de Lisboa e Porto. “O facto de ela vir dos museus não é um problema, mas não a conheço”, diz o arquitecto Walter Rossa, especialista em arquitectura pombalina.

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