Milionários conservadores financiam último fôlego de Romney

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Só Sheldon Adelson, dono de casinos, prometeu 100 milhões de dólares para Romney "esmagar" Foto: Brian Snyder/Reuters

Quem paga os 40 milhões diários é a Restore Our Future, um dos super-PAC (Comité de Acção Política) - organizações que podem fazer campanha contra ou a favor de um candidato, sem limite nos gastos - que apoia Mitt Romney e se opõe a Barack Obama. Outros grandes super-PAC conservadores são a American Crossroads, a Crossroads GPS, criadas sob a orientação de Karl Rove, ex-conselheiro de George W. Bush e estratego do Partido Republicano, que criou uma rede de grandes financiadores do Partido Republicano.

Do lado de Obama, há apenas um grande super-PAC - a Priorities USA Action -, que desde o fim da convenção democrata, no início de Setembro, passou a ser dirigida por Rahm Emanuel, actual mayor de Chicago e ex-chefe de gabinete de Obama.

Um gráfico do site Open Secrets mostra como os super-PAC ligados ao candidato Mitt Romney dispararam a partir da última semana de Outubro - um último tudo por tudo.

Mas quem mantém cheia a maré de dinheiro que tem inundado esta campanha? A lista dos maiores contribuintes tem sempre no topo milionários ligados a causas conservadoras e ao Partido Republicano (ver infografia).

O maior contribuinte até agora é Bob J. Perry. O proprietário da empresa de construção Perry Homes foi o maior financiador do grupo que, em 2004, fez uma campanha de difamação contra o candidato democrata John Kerry, acusando-o de ter mentido sobre o serviço militar no Vietname. Foi um dos principais financiadores da candidatura (falhada) do governador do Texas Rick Perry à nomeação republicana.

Petróleo, carvão, casinos

Sheldon Adelson é o financiador republicano que se tornou mais visível, porque o seu negócio é sem dúvida o mais mediático: é o milionário dos casinos de Las Vegas e Macau e, talvez num futuro próximo, do Eurovegas de Madrid. Começou por ser a força por trás da candidatura à nomeação republicana de Newt Gingrich e, falhada a tentativa do ex-speaker da Câmara dos Representantes, passou-se para o campo de Romney.

Este indefectível de Israel prometeu 100 milhões à campanha de Romney para ajudar "a esmagar a abordagem económica de estilo socialista do Presidente Obama", segundo o Washington Post relata serem as suas palavras. Mas a sobrevivência de Israel é a sua maior preocupação - acompanhou Romney na viagem ao Médio Oriente e será uma influência na política polémica do candidato.

Outras figuras importantes são os irmãos Koch - David e Charles, das Koch Industries, têm refinarias no Alasca, no Texas e no Minnesota, onde tratam mais de 800 mil barris de crude diariamente. Filantropos das artes e das ciências em Nova Iorque, têm mais de 6000 quilómetros de pipelines e interesses na construção do polémico oleoduto Keystone XL, que traria crude do estado canadiano de Alberta para o Texas - e que Romney prometeu que terminaria, nem que tivesse que construí-lo com as próprias mãos.

Entre os grandes financiadores de Romney há ainda um outro irmão Koch - William, desavindo nos negócios da família, mas um nome importante na extracção do carvão.

Media, ciência e Hollywood

Já entre os grandes financiadores de Obama - com valores muito diferentes dos dos principais doadores de Romney (ver infografia) - nota-se uma predominância das indústrias liberais ou criativas. Um dos maiores contribuintes é Fred Eychaner, um milionário de Chicago que fez fortuna nos media - primeiro nos jornais e depois na rádio e televisão - mas não gosta sequer de ser fotografado. Vive numa mansão, mas desloca-se de transportes públicos, como um vulgar cidadão.

Outro dos campeões de Obama é James Simons, o matemático fundador do fundo de investimento de alto risco Renaissance Technologies, e um dos grandes financiadores privados da investigação sobre autismo. Hollywood, como não podia deixar de ser, está também do lado do Presidente: Jeffrey Katzenberg, director executivo do estúdio de animação DreamWorks, é o maior contribuinte.

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