Tribunal de Atenas absolve jornalista que publicou "lista Lagarde"
Costas Vaxevanis foi acusado de violação de privacidade por ter publicado nomes de 2059 gregos com contas na Suíça
O Tribunal de Atenas absolveu o jornalista grego Costas Vaxevanis que tinha sido acusado de violar informações pessoais ao publicar na revista Hot Doc uma lista de 2059 pessoas com contas bancárias na Suíça e que são suspeitas de possível fugida ao fisco.
O Ministério Público grego tinha pedido uma condenação de três anos de prisão para Vaxevanis, jornalista e editor. Depois de um processo ultra-rápido, com uma acusação e detenção breve no domingo passado, bastaram 12 horas da sessão de ontem para o tribunal se decidir pela absolvição.
A defesa do jornalista de 46 anos sublinhou que nenhuma das pessoas da lista se tinha queixado de violação de privacidade, e o jornalista comentou que quem devia estar na prisão eram os políticos que tinham recebido a lista e que não a tinham enviado para as autoridades fiscais a investigarem. A Grécia ficou chocada com a rapidez com que o jornalista foi acusado e julgado por oposição à inacção das autoridades em relação às pessoas da lista. Ter contas na Suíça não é ilícito, mas há suspeitas de estes titulares poderão ter fugido ao fisco.
A lista dos clientes gregos do banco suíço HSBC chegou às autoridades gregas através da então ministra das Finanças francesa, Christine Lagarde (actualmente directora do Fundo Monetário Internacional), para estas poderem investigar se havia evasores fiscais entre eles, e ficou conhecida como "a lista Lagarde".
A lista publicada indica os nomes mas não quantias depositadas, e a revista não fazia qualquer acusação. O diário grego Ta Nea também reproduziu a lista, na segunda-feira, em solidariedade: lá havia políticos, empresários, advogados, armadores, donas de casa e também empresas.
As autoridades gregas afirmaram que a lista está agora sob investigação, e que até à data não foi provada nenhuma suspeita de fuga ao fisco.
Vários jornalistas e cidadãos estiveram presentes no julgamento em apoio ao Costas Vaxevanis. O presidente do sindicato dos jornalistas de Atenas, Dimitris Trimis, disse à AFP que se estivesse na posição do editor da Hot Doc"teria feito o mesmo".
Numa conferência de imprensa em Washington, o porta-voz do FMI defendeu que "o fardo fiscal deve ser dividido de maneira equilibrada e os mais favorecidos da sociedade grega devem pagar a sua parte justa", recusando mais comentários sobre a lista. com Lusa