Sandy entre “as tempestades mais devastadoras”
“Pensamos que é uma das 10 ou 15 tempestades mais devastadoras” que já tocaram os EUA, disse o presidente do gabinete de avaliação de riscos Eqecat, Bill Keogh, ouvido pelo site de televisão Bloomberg.
Admitindo que há muitas contas por fazer, os economistas do IHG Global Insight avançam, por seu turno, com estimativas iniciais de perdas económicas entre os 30 e 50 mil milhões de dólares (23 a 38 mil milhões de euros). O furacão Katrina, que devastou Nova Orleães em 2005, custou 40 a 66 mil milhões de dólares em estragos de bens cobertos por seguros, tornando-se no acontecimento mais caro da história das catástrofes naturais.
Com o nível das águas a baixar e as chuvas a diminuir à medida que a tempestade se afastada do oceano e avançava mais para o interior, milhões de pessoas continuam privadas de electricidade, incluindo 750 mil em Nova Iorque, metrópole que permanece praticamente paralisada. A empresa distribuidora de electricidade em Manhattan explicou que será necessário “uma semana” para restabelecer a energia em toda a cidade.
Barack Obama anunciou que manterá a campanha eleitoral suspensa na quarta-feira, visitando o estado de New Jersey, um dos mais afectados pela passagem da tempestade. Ao início do dia, Obama declarara o estado de “grande calamidade” em New Jersey e em Nova Iorque. O Presidente assinou ainda declarações de emergência federal noutros dez estados, permitindo aos responsáveis locais fazerem pedidos de assistência federal, incluindo meios humanos e equipamento.
Nos sete estados mais afectados (23 estiveram em alerta), mais de 8 milhões de clientes ficaram sem electricidade – o número real de afectados é muito superior, já que cada conta corresponde a uma casa. As ordens de evacuação abrangeram um milhão de pessoas.
“A devastação é impensável”, descreveu o governador de New Jersey, Chris Christie, depois de ver fotografias aéreas da costa do seu estado. Segundo Christie, 2,4 milhões de pessoas estavam sem electricidade em New Jersey e vai demorar mais do que oito dias (o tempo que foi preciso depois da passagem do furacão Irene, o ano passado) a restabelecer completamente o serviço.
“Tivemos uma tempestade de proporções sem precedentes”, disse numa conferência de imprensa o mayor da cidade de Nova Iorque, Michael R. Bloomberg. No estado de Nova Iorque morreram pelo menos 15 pessoas, enquanto na cidade há dez vítimas mortais confirmadas.
As cenas de destruição foram comuns ao longo de toda a costa Leste. "Há barcos na rua a cinco quarteirões do oceano. Esta é a pior tempestade que eu já vi”, disse à Reuters Peter Sandomeno, dono de um hotel em Point Pleasent Beach, New Jersey.
Muitas pontes e estradas vão reabrir a partir de quarta-feira. Em Nova Iorque, a rede de autocarros começou hoje a funcionar, embora com um serviço ainda muito limitado. A Bolsa de Nova Iorque recomeça a negociar esta quarta-feira, após dois dias de interrupção. Mas em muitas áreas as escolas permanecerão fechadas, o mesmo acontencendo com o metro de Nova Iorque. "O sistema de Metro da Cidade de Nova Iorque tem 108 anos e nunca enfrentou um desastre tão devastador como este", disse em comunicado o presidente da empresa Joseph J. Lhota. Segundo o New York Times, ainda não há data para a reposição da circulação que deverá acontecer por fases.