O charme indiscreto de Benjamin Biolay

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Benjamin Biolay - VengeanceNaïve, distri. PopStock, 15,90€

Ele diz que é o seu álbum mais luminoso e é bem capaz de o ser, mas mesmo assim é uma claridade à Benjamin Biolay, o que implica sempre alguma melancolia. Ou seja, estamos perante baladas românticas negras, apesar de ele as considerar joviais.

Para o bem, e para o mal, Benjamin Biolay personifica o lugar-comum do francês burguês, mundano e esclarecido, que vive em constante estado de romance. É como se os seus álbuns correspondessem aos seus altos e baixos romanescos ou funcionassem como reflexo da sua atribulada vida privada. O título, Vengeance, deixa algumas pistas no ar. Não espanta que muitos o comparem a Serge Gainsbourg e não é apenas pela música.

Ao longo de seis álbuns de originais tem sido assim. Como cantor, produtor, orquestrador ou compositor, tem tido uma actividade frenética, colaborando com figuras históricas da canção francesa (de Juliette Grego a Françoise Hardy, passando por Henri Salvador), lançando álbuns a solo, compondo os dois álbuns da irmã (Coralie Clement) ou envolvendo-se nos mais diversos projectos, como o duo Home, com uma das suas ex-mulheres, a actriz Chiara Mastroianni.

O seu novo álbum, Vengeance, não é radicalmente diferente dos seus anteriores, o que não são necessariamente más notícias. Está lá tudo o que cativa em Biolay, a voz quase monocórdica, a poesia directa, a desenvoltura mundana, os arranjos de cordas subtis e uma luz difusa, por vezes introspectiva, outras vezes exteriorizada, e uma voz que canta sobre a solidão, a ruptura e o abandono.

A arquitectura sonora tanto se inspira no rock, como nas electrónicas ou na folk, mas no fim de contas o que temos é uma música pop voluptuosa, que consegue reflectir emoções de forma totalmente segura. Durante as gravações contou com um naipe alargado de colaborações vocais, do inglês Carl Barât (Dirty Pretty Things, Libertines) à cantora Vanessa Paradis, passando pela australiana Julia Stone, que o ajudaram a definir um conjunto de canções que conseguem ser, em simultâneo, ligeiras, ásperas ou dançantes, clareando as noites inebriadas de Paris.

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