Livro põe em causa casamento do príncipe Filipe da Bélgica

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Filipe e Matilde casaram por conveniência, diz Frédéric Deborsu autor de Questões Reais Foto: AFP

Casados desde 1999, o casal teve quatro filhos – Isabel, Gabriel, Emanuel e Leonor – mas não é por acaso que o hospital escolhido é especializado na reprodução medicamente assistida. Afinal, “a vida conjugal do príncipe não é aquela que fazem crer”, diz Frédéric Deborsu, jornalista belga e autor de Questões Reais, o livro que é lançado esta terça-feira, na Bélgica.

Apesar de o autor dizer que é monárquico, as páginas do seu livro põem a nu as disputas e segredos da Casa Real Belga, cujo futuro parece tremido num país dividido, com três linguas oficiais e uma difícil governação.

Embora só esteja disponível a partir desta terça-feira, alguns órgãos de comunicação social quebraram o embargo e foram conhecidos excertos. Segundo o jornalista da RTBF – a cadeia televisiva pública emitiu um comunicado onde se desmarcar da obra de Deborsu – o rei Alberto II sofre de um cancro da pele; a mulher, a rainha Paula acumula amantes; e Filipe e Matilde não se casaram por amor, mas por conveniência. Filipe era um celibatário que foi obrigado, pelo pai, a casar, de maneira a poder suceder-lhe no trono. “O rei [Alberto II] foi um mau pai”, declara o jornalista e escritor.

Alberto e Paula negligenciaram a educação dos três filhos e a sua relação esteve sempre à beira do divórcio. Paula era conhecida por frequentar as praias e os salões europeus e chegou a ser cantada por Adamo, a Doce Paula, lembra o El País. Quanto a Alberto sabe-se que tem uma filha bastarda que nunca reconheceu.

Na altura, o rei Balduíno chamou a si a educação do seu sobrinho Filipe com o objectivo que este lhe sucedesse no trono. Contudo, a sua morte prematura, em 1993, levou a que Alberto II, irmão de Balduíno, fosse o escolhido pela classe política e não Filipe, então com 33 anos.

"Relação não convencional"

Segundo o Le Soir, o jornalista belga conta que durante anos Filipe manteve uma “relação não convencional” com o conde Thomas de Marchant et d'Asembourg. O príncipe e o amigo eram vistos em todo o lado e faziam férias em conjunto. “Foi uma relação pouco habitual que pesou na sua vida”, explica o jornalista que acrescenta que entre 1981 e 1996, Filipe não teve uma relação “digna desse nome” com uma rapariga.

Por fim, o rei e seu pai encostou-o à parede e pediu-lhe que escolhesse Matilde d'Udekem d'Acoz ou retirá-lo-ia da linha de sucessão. “Foi um casamento forçado”, acrescenta o escritor.

O livro contém uma entrevista “emocionada” com o rei Alberto II, datada de 1994, apesar de a Constituição belga proibir entrevistas longas e privadas com membros da família real. Deborsu, que diz que o livro é resultado de uma investigação de meses, escreve que o rei pretende abdicar em Julho do próximo ano por razões de saúde. “Alberto II sofre de um cancro de pele pela exposição forte e consecutiva ao sol, durante toda a sua vida de adulto”, revela o jornalista, citado pelo L’avenir.

"Interpretações erradas"

O Palácio Real reagiu sábado declarando que o livro Questões Reais contém “numerosas informações totalmente erradas e injuriosas”. A RTBF distancia-se do seu jornalista e afirma que a obra foi “preparada, redigida e publicada sem qualquer responsabilidade editorial ,de fundo ou de forma” daquela cadeia televisiva.

Por seu lado, a editora La Renaissance du Livre veio a público queixar-se da quebra do embargo, da descontextualização e das “interpretações erradas” dos excertos da obra que foram tornados públicos. Este não é um livro contra os valores da monarquia, mas “sobre a família encarregue de encarnar esses valores”. É uma obra que pretende reflectir e alimentar o debate democrático, continua o comunicado. “As revelações deste jornalista sério de investigação é uma necessidade e terá um impacto significativo, que esperamos favorável e que seja bem compreendido, de maneira a fortalecer as instituições do país", conclui a editora.

O autor prefere não comentar as frases mais controversas retiradas do seu livro.

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