Giroud trouxe a Espanha de volta à terra e a França de volta à vida

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Giroud e a festa francesa em Madrid Foto: Franck Fife/AFP

O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, já habituou o seu povo aos maiores dislates. No final da derrota pesada contra a Espanha, este líder de um dos regimes mais despóticos da Europa, amante do desporto e presidente do Comité Olímpico Bielorrusso, não teve dúvidas em apontar as falhas para o 0-4. “Nunca vi tamanha desgraça para o nosso país. Peço desculpa pela linguagem, mas a nossa equipa borrou-se toda, vieram para o campo com as pernas e os braços a tremerem”, atirou na passada sexta-feira. Mas só um louco autoritário não consegue olhar com olhos de ver para esta Espanha, imbatível, há 24 jogos.

Em Madrid, o golo de Sergio Ramos, ainda na primeira parte, parecia encaminhar tudo para uma noite normal. Os franceses até marcaram, mas o árbitro anulou mal o golo de Menez, por fora-de-jogo. Deu ainda para Fàbregas falhar um penálti, permitindo a defesa de Lloris. O desaire, já esperado pelo técnico francês, parecia saber a pouco desta vez. Ele que na véspera tinha pedido o empate. E a nacionalização de Xabi Alonso.

É que Didier Deschamps não é nem Lukashenko nem louco. Foi este médio que, com Karembeu e Petit, formou o tridente motor da conquista do Mundial para a França em França em 1998, liderados por Zidane, mas foi o meio-campo que fez a força. Venceria o Europeu dois anos depois, espalhando a hegemonia da selecção francesa pelo planeta. Posto agora tomado por esta Espanha, sentada no trono do mundo. E Deschamps respeita tanto os médios espanhóis, sabendo que jaz ali o segredo de uma Espanha dominadora, que quando perguntaram por Alonso respondeu que a única maneira de o parar era nacionalizá-lo.

Desde que perdeu o primeiro jogo no Mundial da África do Sul, em 2010, ante a Suíça, a Espanha nunca mais saboreou a derrota. Del Bosque tinha dito depois do desaire ante a Suíça que há mais derrotas que vitórias na vida de um treinador, “é o normal”.

O golo de Giroud nos descontos trouxe a Espanha de volta à terra. E a França de volta à vida.

Alemanha, de 4-0 para 4-4

Com este empate, a França passa a ser a favorita do Grupo I. Já jogou fora com a Espanha e soma agora os mesmos pontos. Quase o que a Suécia ia fazendo à Alemanha no Grupo C. Mas de forma mais heterodoxa. Os alemães, favoritos, estiveram a vencer 4-0 mas iam perdendo o jogo. Ficou 4-4 e os suecos não conseguiram diminuir a desvantagem de três pontos para o líder.

Em Berlim, os adeptos passaram da euforia à depressão. Dois golos de Klose e outro de Mertesacker antes do intervalo faziam prever uma noite tranquila. O golo de Ozil a abrir a segunda parte parecia ter acabado com o jogo. Mas havia Ibrahimovic — marcou e acordou a Suécia para uma última meia-hora vertiginosa: Lustig, Elmander e Elm, nos descontos, fizeram o impensável.

O árbitro português Pedro Proença não terá visto uma falta no último golo (uma cotovelada de Ibrahimovic), mas a festa já estava feita para os suecos.

No Grupo H, a Inglaterra estava disposta a ampliar a vantagem na liderança, mas a chuva na Polónia obrigou a adiar o encontro. Dúvidas essas, sobre a liderança, que ficaram dissipadas no Grupo D: a Holanda foi à Roménia golear 1-4 (golos de Lens, Indi, Van Der Vaart e Van Persie) e separou de vez as águas.

Mais ou menos como no grupo de Portugal. A vitória da Rússia por 1-0 sobre o Azerbaijão, alcançada a ferros com um golo de penálti muito duvidoso — a falta aconteceu fora da área — e Shirokov marcou, a seis minutos do fim.

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Notícia corrigida quarta-feira, às 11h59. A Espanha não esteve 24 jogos sempre a ganhar. Soma é uma série de 24 jogos sem perder.

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