A sociedade pós-troika
Portugal tem que acreditar que há um momento depois da troika e que a sociedade está preparada para os seus desafios. Em tempo de novas apostas, muito centradas no discurso nos factores dinâmicos de competitividade, a sociedade pós-troika é a resposta clara para o novo ciclo que aí vem. A sociedade pós-troika deverá assentar na inovação e criatividade como factores centrais de uma nova confiança, de uma ambição global, de uma capacidade de construir soluções para novos problemas. Uma sociedade da inteligência.
Os conhecidos baixos índices de "capital estratégico" e a ausência de mecanismos centrais de "regulação positiva" têm dificultado o processo de afirmação dos diferentes protagonistas desta sociedade pós-troika. Independentemente da riqueza do acto de afirmação individual da criatividade, importa de forma clara "pôr em rede" os diferentes actores e dimensioná-los à escala duma participação global imperativa nos nossos tempos. Apesar dos resultados de iniciativas diversas na área da política pública, vocacionadas para posicionar o território no competitivo campeonato da inovação e conhecimento, falta uma estratégia transversal.
A consolidação do novo papel da sociedade pós-troika entre nós passa em grande medida pela efectiva responsabilidade nesse processo dos diferentes actores envolvidos - Estado, universidade e empresas. No caso do Estado, a sua reinvenção estratégica do Estado terá que assentar numa base de confiança e cumplicidade estratégica entre os "actores empreendedores" que actuam do lado da oferta e os cidadãos que respondem pela procura.
Cabe naturalmente às empresas um papel claramente mobilizador na afirmação da sociedade pós-troika. Pelo seu papel central na criação de riqueza e na promoção de um processo permanente de reengenharia de inovação nos sistemas, processos e produtos, será sempre das empresas que deverá emergir o "capital expectável" da distinção operativa e estratégica dos que conseguirão ter resultados com valor alavancado na competitiva cadeia do mercado. Aqui a tónica tem mais do que nunca que ser pragmática, como demonstram as sucessivas acções externas realizadas recentemente. Convergência operativa sinalizada em apostas concretas onde realmente vale a pena actuar, selecção objectiva de sectores onde há resultados concretos a trabalhar.
A mensagem de mudança é mais do que nunca actual entre nós. A sociedade pós-troika que se quer legitimar em Portugal terá que ser capaz de ganhar estatuto de verdadeiro "operador estratégico" do desenvolvimento do país. Isso faz-se com "convergência positiva" e não por decreto. Importa, por isso, estar atento e participar com o sentido da diferença. O "laboratório" que Portugal deve constituir nesta nova agenda europeia deve centrar-se num novo plano de inovação e competitividade aberto à participação da sociedade civil.