Adolfo Luxúria Canibal: “sem Cultura, o homem transforma-se em cão”

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Adolfo Luxúria Canibal, dos Mão Morta Paulo Pimenta

Do palco, uma voz ecoa, “oh da Guarda”, ouve-se. Adolfo Luxúria Canibal e o actor António Durães lançam o mote da tarde, um “alerta” para a “razia” nos apoios à Cultura. Da plateia, cerca de 600 pessoas aplaudem, gritam palavras de ordem e incentivam quem no palco mostra que Portugal “é mais do que números” e sem Cultura “não se vive”.

Em declarações à Lusa, um dos organizadores da manifestação, José Barbosa, explica o que no palco se passa. “Respondemos ao apelo lançado pelo Carlos Mendes. Músicos, atores e gente da cultura vai subir ao palco porque a cultura é fundamental como o pão e por acção deste Governo está-nos a faltar o pão”, afirmou.

No palco, uma das vozes mais conhecidas e reconhecidas de Braga, a voz dos Mão Morta, junta-se ao som das palavras de António Durães, da Companhia de Teatro do S. João. “A Cultura padece”, afirmam.

Segundo disse à Lusa Luxúria Canibal, “a Cultura é dos primeiros sectores da sociedade a sentir a crise”. Segundo o cantor, “quando se chega ao ponto em que se está, em que até no estomago já se sente a crise é porque já passámos por muitos lados. É nesta altura em que o homem se transforma em cão”.

António Pacheco, de 25 anos, não é artista mas aderiu ao protesto. “Tiram-nos tudo e ainda querem que nos esqueçamos da crise sem Cultura, o único escape para isso”, justificou.

Ao lado, Camila Silva, de 65 anos, concordou. “Aumentaram o preço dos bilhetes, dos espectáculos. Ir a um cinema, ao teatro é só para ricos. E ricos são cada vez menos. Os pobres e remediados também têm direito”, reclamou.

Aos 13 anos, Joana Paula reconheceu que nunca foi ao teatro, “é caro”, dizem-lhe os pais. “Ao cinema vou uma vez por mês e já não é mau. Tenho pena, sinto que estou a perder conhecimento”, lamentou.

Pelo palco montado na Avenida Central vão passar artistas como os Cão Danado, Coro de País da Companhia da Música, o Grupo de Teatro Oprimido de Braga, Jonhy Sem Dente e a actriz Carla Sequeira. O protesto estará no palco até às 19h.