Portugal sem soluções para um adversário com o dedo de Capello
2. A ausência de Meireles e a lesão de Coentrão limitaram os recursos. E nunca é fácil jogar num sintético. Mas nem isso justifica tantos passes errados e a falta de intensidade de jogo, principalmente no segundo tempo. O problema resultou da falta de inspiração de uma boa parte dos jogadores portugueses (Micael pareceu sempre afectado pela perda de bola no lance do golo e Ronaldo foi bem vigiado) e da forma como a Rússia tirou partido do marcador quando pouco tinha sido feito para o justificar.
3. Olha-se para esta Rússia e não há sinal da que desiludiu no Euro. Os jogadores são os mesmos, o toque de bola perfumado continua lá, mas tudo o resto é diferente. A base de partida parece continuar a ser o 4x3x3, mas ontem, quando se observava com atenção, verificava-se que os russos, sem a bola, assumiam uma espécie de 4x2x3x1. Muitas das vezes, o quinteto do miolo distribuía-se num duplo pivot (Denisov e Shirokov) e Fayzulin surgia entre Bystrov e Kokorin. Noutras, formava uma linha de cinco homens, à frente e próxima de uma defesa muito recuada (disfarçou assim a falta de mobilidade dos centrais).
Notou-se o cuidado em nunca perder a bola em terrenos perigosos. Tudo ao contrário do passado recente. Ontem, viu-se uma equipa cínica, mais de transições do que de organizações. E fê-lo com competência, como no lance do golo (Shirokov decidiu tudo com aquele passe de primeira que isolou Kerzhakov e deixou Portugal desequilibrado). Capello foi ainda sagaz quando abdicou da estrela Dzagoev para apostar na velocidade de Kokorin. Ou quando adiantou este para meter um segundo lateral-esquerdo.
4. Paulo Bento recorreu ao habitual, incluindo a passagem de Nani para a posição dez. Éder podia ter entrado mais cedo - Postiga foi sempre presa fácil.
5. Coentrão não vai recuperar em três dias e Miguel Lopes não dá profundidade na esquerda. Não era má ideia chamar de urgência Eliseu para o jogo com a Irlanda do Norte.