Istambul e Pisa, os casos dos cemitérios de barcos

Em 2004, as obras de abertura de um túnel no Bósforo, em Istambul, levaram a uma das maiores descobertas de sempre da arqueologia naval: num antigo porto bizantino apareceram três dezenas de navios medievais, que continuam neste momento a ser estudados. A ideia das autoridades é criar um parque arqueológico.

Anos antes, em 1998, obras a decorrer a escassos 500 metros da Torre de Pisa, em Itália, transportaram para o século XXI outro cemitério de barcos. Desta vez eram 16 embarcações com dois mil anos de existência. Alguns ainda conservavam nos porões ânforas com cosméticos e outros conteúdos.

Até o esqueleto de um leão foi encontrado num dos barcos - que, para complicar tudo, se encontravam a 12 quilómetros do mar.

Percebeu-se entretanto que tinha ali existido um grande porto fluvial e com o passar dos anos e o aprofundar das escavações o número de embarcações desenterradas subiu para 39, tendo sido anunciada para 2014 a abertura de um museu para as expor.

Já este ano, os arqueólogos descobriram, desta vez debaixo de água, vestígios do naufrágio mais antigo de que se tem notícia no Brasil.

Trata-se de um navio espanhol que foi ao fundo no litoral de Santa Catarina em 1583. Do local foi resgatado um escudo de pedra onde surge um desenho de dois leões e dois castelos em alto-relevo com um símbolo português no meio.

Os estudos indicam que o navio, encontrado a cerca de 20 metros de profundidade, fazia parte de uma frota que deixou Espanha em 1581 - tinha Filipe II começado a governar também Portugal - com a missão de construir dois fortes no estreito de Magalhães para impedir o avanço de piratas ingleses.

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