Realizador João Pedro Rodrigues queixa-se de “ingratidão total” do Governo

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“Ao fazermos filmes portugueses e viajar com eles, fazemos Portugal viajar pelo mundo", defende João Pedro Rodrigues Nuno Ferreira Santos

“Ao fazermos filmes portugueses e viajar com eles, fazemos Portugal viajar pelo mundo, estamos a representar o Estado português. É uma ingratidão total o Governo não nos apoiar”, afirmou, em entrevista à agência Lusa, João Pedro Rodrigues, que neste sábado assistiu à estreia no Brasil do filme A Última vez que vi Macau, no Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro.

“Isso [de a crise gerar maior potencial criativo] é um discurso muito bonito, mas depois as pessoas vivem de quê? Eu não ganho dinheiro há quase um ano. É um caso pessoal que não é importante, mas há muitas pessoas nessa situação. Não temos outra profissão. Fazer filmes é um trabalho como qualquer outro, que precisa de ser pago”, disse.

Segundo João Pedro Rodrigues, a longa-metragem que apresentará neste sábado no festival foi concluída com dinheiro próprio, a partir de empréstimos que sua produtora teve de fazer, após o corte nos pagamentos do Estado.

As últimas parcelas referentes a concursos realizados em 2010 e 2011 já não foram pagas, exemplificou.

O seu próximo projecto – O Ornitólogo, uma co-produção com o Brasil sobre o mito de Santo António – só não avançou devido ao atraso no pagamento prometido pelo Estado português, revelou.

“O concurso para O Ornitólogo foi feito há dois anos, no fim de 2010, e ainda não veio o dinheiro. Mas eles dizem que vão pagar. Não gosto só de reclamar, prefiro ser optimista, mas espero que meu optimismo seja real”, completou.

João Pedro Rodrigues é um dos realizadores em destaque no Festival de Cinema do Rio de Janeiro, o maior certame de produção audiovisual da América Latina, que este ano homenageia a produção cinematográfica portuguesa com a mostra “Imagens de Portugal”.