Requalificação do Liceu Alexandre Herculano pode avançar em 2014

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Com muitas décadas de existência, a degradação do estabelecimento escolar da Avenida Camilo é evidente nélson garrido

Remodelação do histórico liceu, cujo estado de degradação tem motivado preocupação geral, já esteve agendada para 2011. Expectativa da Parque Escolar é que arranque em 2014, com fundos comunitários

As aguardadas obras de requalificação do Liceu Alexandre Herculano, no Porto, poderão arrancar finalmente em 2014. Esta é, pelo menos, a expectativa da Parque Escolar, avançada ontem pelo director-delegado Luís Martins durante uma tertúlia que teve lugar naquele liceu e em que se homenageou o legado do arquitecto Marques da Silva. O director-delegado ressalvou, no entanto, que esta é uma decisão que só poderá ser tomada pela tutela, que se encontra a estudar o programa de reavaliação da Parque Escolar.

Luís Martins explicou ao PÚBLICO que as escolas que se encontram na fase 3 (ainda não intervencionadas) do programa da Parque Escolar estão a ser reavaliadas e, por isso, sujeitas à aprovação do Governo. Nesta reavaliação prevê-se que metade das intervenções arranque em 2014, e a outra metade em 2015. Como critérios de prioridade, a Parque Escolar estabeleceu o nível da degradação do edificado de cada escola e também o número de alunos que alberga. Critérios que colocam a agora Escola Secundária Alexandre Herculano, um edifício cuja degradação tem motivado preocupação geral e que conta com mais de mil alunos, na linha da frente para uma requalificação. Que, como explicou o director-delegado da Parque Escolar, pode ser financiada através de uma candidatura aos fundos comunitários do Quadro de Referência Estratégica Nacional.

O projecto de requalificação da escola, assinado pelos arquitectos Alexandre Alves da Costa e Sérgio Fernandez, implicava um orçamento de 15,6 milhões de euros e um prazo de execução para Abril-Junho de 2011, numa obra com a duração prevista de 18 meses . Mas, em Novembro de 2011, o actual Governo acabou por protelar a intervenção, sem no entanto apresentar qualquer alternativa.

Na tertúlia promovida pela Associação Portuguesa para a Reabilitação Urbana e Protecção do Património estiveram também presentes os dois arquitectos responsáveis pelo projecto de remodelação do histórico liceu, o qual fizeram questão de reapresentar ao público. Alves da Costa começou por lamentar o bloqueio do processo, classificando o estado actual do liceu como "ruinoso". O arquitecto voltou a sublinhar que a intervenção na escola é urgente "não só pelas condições em que o edifício se encontra, mas também porque é um Monumento de Interesse Público", classificação que lhe foi atribuída em 2011.

Como confessou Alves da Costa, os próprios arquitectos já não recordavam todas as especificidades do projecto. Um trabalho de "compromisso" que, como foi explicado pela dupla de autores, teve como principal objectivo ser fiel ao traçado de Marques da Silva, "o verdadeiro autor deste projecto".

"O liceu tem de ser actualizado, mas conservado na sua essência. O edifício dita as regras e decide mais do que os engenheiros ou arquitectos", disse Alves da Costa. Respeitando a hierarquia estabelecida pelo conceito e pela arquitectura original, a remodelação prevê, além do restauro geral do edificado, três intervenções importantes: a relocalização e modernização da zona desportiva; a transformação do antigo ginásio em espaço polivalente, com cafetaria e refeitório; e a construção de uma nova biblioteca, que ocuparia o lugar do actual museu de história natural da escola - que seria transferido para outro espaço do liceu.

Antes da intervenção do representante da Parque Escolar, Alves da Costa mostrou-se receoso quanto a uma possível "redução do financiamento, que comprometa componentes essenciais para manter a dignidade do edifício". O arquitecto garantiu ainda que um projecto com essas condicionantes não terá a sua assinatura.

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