Manifestantes de 15 de Setembro apelam à “participação maciça” no protesto da CGTP

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As manifestações de 15 de Setembro tiveram centenas de milhares de pessoas em todo o país Enric Vives-Rubio

A construção de uma “frente de resistência comum” é uma preocupação dos 29 activistas que assinaram o documento original e que, nesta segunda-feira, emitiram um comunicado conjunto a apelar a uma “participação maciça” no protesto do próximo sábado.

“É cada vez mais urgente traçar um novo rumo. Um rumo que tenha finalmente as pessoas como centro das atenções, e não bancos e mercados ou interesses financeiros e especulativos”, dizem. “Juntos reclamaremos esse novo rumo, que inverta totalmente a sujeição do governo aos joguetes políticos de entidades não sufragadas, que cinicamente nos impõem ‘ajudas’ com juros fatais e sacrifícios que jamais ousariam sequer imaginar para si próprios”, lê-se no comunicado, intitulado “Tantas horas de Conselho de Estado para nada”.

O colectivo de activistas acusa o Conselho de Estado – “em que não se garante, de maneira alguma, uma verdadeira representação do espectro político português” – e o Governo de “reinterpretar a seu gosto” os “inequívocos” protestos de dia 15, por todo o país, e o que se registou em frente ao Palácio de Belém, na sexta-feira. Os subscritores entendem que a decisão de recuar na questão da Taxa Social Única é mera “manobra de bluff político”.

“Não interessa fazer comparações”

A contestação às medidas de austeridade são o ponto de ligação entre o manifesto “Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!” e a CGTP. Ambas procuram um “rumo onde não cabem a troika nem os troikistas”. Mas há uma questão: o tamanho do protesto de dia 15 coloca algum tipo de pressão na manifestação da Intersindical?

Armando Farias, da comissão executiva da CGTP, garante que não. “Não interessa fazer comparações. Todas as manifestações são importantes. Trata-se de um processo. As grandes manifestações também se fazem a partir das pequenas lutas”, diz o sindicalista ao PÚBLICO. “A participação das pessoas é necessária em todas as fases de protesto.”

A CGTP espera “muita gente” concentrada no Terreiro do Paço, no sábado, para “uma das maiores manifestações dos últimos anos”. Segundo Armando Farias, as perspectivas são “bastante boas”. Há autocarros da Intersindical a sair de vários pontos do país para a concentração que está marcada para as 15h na principal praça da capital.

A centralização do protesto é um aspecto que separa esta manifestação das de 15 de Setembro, que tiveram pessoas a sair à rua em cerca de 40 cidades. Esta semana começou a circular na rede uma convocatória para manifestações em todo o país neste sábado, em vez do protesto único em Lisboa, o que causou mal-estar. No blogue colectivo 5 Dias, a imagem foi replicada por Raquel Varela e a acção da historiadora foi prontamente condenada por vários autores daquela página. O jornalista Nuno Ramos de Almeida, um dos subscritores do manifesto “Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!”, foi um deles.

“Infelizmente, há gente que prefere que as forças anti-troika se digladiem. Normalmente, esses grupos ultra-minoritários têm como projecto derrotar os sindicatos e as forças de esquerda existentes. Os seus inimigos não são o grande capital, a troika e os partidos que assinaram o memorando, os seus verdadeiros adversários são o PCP, o BE e a CGTP. Eu não dou para este peditório. Por isso em vez de dividir vou juntar-me aos trabalhadores que se manifestam na concentração convocada para dia 29”, escreveu Ramos de Almeida.

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