Quando o lince vivia com leões e hienas em Portugal

Este felino, que pode pesar até 12 quilos, “seria então muito comum”, com as mesmas formas morfológicas de hoje, disse Simon Davis, do Laboratório de Arqueociências do IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico).

Onze ossos de lince-ibérico – entre os quais dentes e úmeros – foram encontrados por Simon Davis na gruta do Caldeirão, perto de Tomar, em escavações realizadas entre 1979 e 1988. “Pensamos que aquele seria um covil de hienas, grandes predadoras de lince-ibérico”, acrescentou. “À medida que a hiena foi desaparecendo, a gruta terá sido ocupada por humanos, que também caçavam lince.”

Outros restos foram encontrados em vários locais, como em São Pedro (Redondo) e na Alcáçova de Santarém.

“Desde que temos aqui um esqueleto completo de um lince-ibérico, uma fêmea subadulta que foi atropelada e cedida pela Estação Biológica de Doñana, em 2006, podemos identificar outros ossos deste felino que venham a ser encontrados”, explicou Carlos Pimenta, do mesmo laboratório.

Os ossos – como crânio, costelas, vértebras, dentes - estão divididos em saquinhos de plástico e em caixas transparentes, cada um marcado com um número outras indicações, como a que espécie pertencem.

"É fundamental para identificarmos restos de lince. Antes não tínhamos esta espécie na nossa colecção de referência", disse Carlos Pimenta.

Neste laboratório estão guardadas as colecções osteológicas de referência de zoo-arqueologia, com espécimes actuais, para permitir a identificação das espécies encontradas posteriormente, "para conhecer aquilo que se encontra". Há mais de 250 espécies de aves mas não só. "Temos todas as espécies selvagens que ocorrem em território continental", disse Carlos Pimenta, desde a lontra e lobo-ibérico ao texugo, várias espécies de répteis e de peixes.

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