Bundesbank assume voto contra novo mecanismo de compra de dívida do BCE

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Jens Weidmann, presidente do Bundesbank Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters

Em comentário por e-mail noticiado pela agência Bloomberg, o Bundesbank manifesta a oposição do seu governador à compra de dívida e diz mesmo que vê estas compras como “o equivalente ao financiamento dos Governos através da impressão de dinheiro”.

“A política monetária arrisca-se a ser subjugada à política orçamental. Não se deve permitir que as compras [de dívida] coloquem em causa a capacidade da política monetária de salvaguardar a estabilidade de preços na zona euro”, diz a mesma nota.

A decisão de criar este novo programa de compra de dívida soberana no mercado secundário, ligado às condicionalidades impostas nos programas apoiados pelo Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e/ou do futuro fundo de resgate, o Mecanismo Europeu de Estabilidade, foi anunciada hoje pelo presidente do BCE, Mario Draghi, após a reunião mensal do Conselho de Governadores da instituição, em se decidiu manter as taxas de juro nos níveis anteriores.

Mario Draghi assumiu na conferência de imprensa onde explicou as decisões de política monetária que houve apenas um voto contra a decisão de criar este novo mecanismo, mas não avançou o nome do opositor. “Não divulgamos os detalhes da nossa reunião, cabe a vocês [jornalistas] adivinharem”, disse Draghi, deixando claro que o voto contra foi de Jens Weidmann.

O programa será assim associado a condições e ao seu cumprimento estrito ligados a um programa completo ou parcial do FEEF/MEE, desde que esse programa inclua a possibilidade expressa dos fundos comprarem dívida no mercado primário.

Este mecanismo estará em funcionamento enquanto o BCE achar necessário, e terminará assim que os seus objectivos sejam cumpridos, podendo o BCE deixar de comprar e vender a dívida que tem no caso dos incumpridores.

Podem aceder os países que venham a ter programas de ajustamento do FEEF/MEE, e os países já sob programas da troika mas apenas quando estiverem a tentar recuperar acesso aos mercados de dívida, com as transacções a focarem-se especialmente em dívida com maturidade de um a três anos, não tendo limites quantitativos.