O "Total Recall" original, dirigido por Paul Verhoeven, foi feito em 1990. Vinte e dois anos: uma eternidade, em face do que foi a galopante evolução tecnológica (e, consequentemente, cultural) vivida durante estas últimas décadas. Para além de recuperar um título capaz de fazer soar campainhas (a “nostalgia” também tem hoje uma escala mais reduzida, à medida que a memória encurta), e muito mais um título do que uma história (onde é que Dick, reescrito por tantas mãos, já vai...), o projecto deste Total Recall em versão Len Wiseman parece ter como objectivo, dir-se-ia exclusivo, um update tecnológico, fazê-lo ficar mais parecido com um jogo de computador. Sucesso absoluto: é de facto muito parecido com um jogo de computador. Desapareceu aquele sentido de humor, muito retorcido, de Verhoeven, desapareceu Schwarzenegger (e desapareceu, já agora, Sharon Stone). Sobra aquela banalidade, muito monodimensional, assente em correrias e luzinhas a piscar, que se tornou o novo standard do grande (leia-se: dispendioso) entertainment.
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