Onde está o “pirata” Paul Watson?
Já passou mais de um mês desde que o capitão Paul Watson fugiu da Alemanha sem deixar rasto. Contudo, na semana passada, o activista canadiano enviou uma “carta” ao jornal britânico The Guardian onde conta que planeia evitar pôr os pés em terra enquanto for possível. A única pista que dá do seu paradeiro é que está num “paraíso seguro”.
Quanto à sua fuga, justifica que recebeu informações que estaria prestes a ser extraditado para o Japão. “Não tive outra escolha senão abandonar a Alemanha. Se não, agora estaria numa cela no Japão”, pode ler-se na carta. Nesse país, Paul Watson é considerado um “pirata” eco-terrorista, devido às suas campanhas anuais que promove e interferem com a caça à baleia. Watson afirma na carta ter fortes suspeitas que a Costa Rica – país responsável pelo mandato de captura - esteja a colaborar com o Japão para que ele seja extraditado.
Apesar de estar em fuga, na carta fica presente a vontade de regressar aos seus navios. A frota da Sea Shepherd tem quatro navios e, mesmo não havendo certezas ainda, pensa-se que estes estejam a caminho da Austrália e do Oceano Antárctico para interferirem na época nipónica de caça à baleia.
“A questão agora é: O que devo eu fazer do paraíso seguro em que estou?!”, interroga-se Watson na carta. “Só existe uma resposta: Não tenho escolha a não ser continuar a servir os meus clientes, as baleias”, acrescentou.
O amante da biodiversidade marinha é conhecido por passar pouco menos de um mês por ano em terra, logo as autoridades suspeitam que ele esteja algures nos oceanos - local onde se sente mais seguro e onde está mais protegido das leis. Porém, Paul Watson não é um “pirata” qualquer.
40 anos de activismo ambientalNomeado no ano 2000 pela revista norte-americana Time como um dos “heróis ambientais do século XX”, foi membro fundador da Greenpeace – uma das maiores organizações ambientalistas do mundo. Em 1977, fundou a Sea Shepherd (Pastores do Mar, na tradução portuguesa), uma associação para a conservação da biodiversidade marinha – especialmente interveniente na caça à baleia. Isto é apenas um pequeno resumo do currículo de Watson.
O capitão tornou-se mundialmente famoso graças ao programa de televisão Whale Wars, no qual ele e a sua equipa mostravam as suas tentativas de interferir com a caça dos baleeiros japoneses. Porém, pode ter ido demasiado longe.
Não existem certezas, mas autoridades da Costa Rica acusam o “pirata” de ter abalroado um navio baleeiro, pondo em risco de vida a sua tripulação, em 2002. Passados quase 10 anos, a Costa Rica não esqueceu este incidente e um procurador do mesmo país conseguiu que fosse emitido um mandato de captura internacional, para que o “pirata” fosse julgado pelos seus crimes.
O fundador da Sea Shepherd foi preso a 13 de Maio, no aeroporto de Frankfurt, na Alemanha. Esteve detido por uma semana, mas foi libertado após ter pago uma caução de 250.000 euros. Mesmo assim, ele estava obrigado a apresentar-se regularmente às autoridades alemãs até ser emitida uma sentença final da parte do tribunal – existindo a possibilidade de ser extraditado para a Costa Rica. Porém, no dia 22 de Julho ele não compareceu à sessão que tinha marcado com o seu advogado e ninguém desde então lhe pôs olho em cima.
Susan Hartland, administradora da Sea Shepherd, confirmou que Watson voou para fora da Alemanha e explicou o porquê da “fuga” de Watson.“Temos razões para crer que, uma vez na Costa Rica, o Governo japonês ia pedir a extradição do capitão Watson para responder pelas acusações de obstrução à caça ilegal as baleias”, declarou a ambientalista ao jornal britânico The Guardian.
As autoridades da Costa Rica tinham garantido às autoridades alemãs que, caso fosse extraditado, Watson teria direito a um julgamento justo. Apesar disto, a organização já afirmou publicamente que o seu líder estaria em perigo com o sistema penal daquele país.
“Com a sua fuga, Watson mostrou que não pode justificar a confiança depositada nele e processo de extradição recomeçou”, anunciou o tribunal de Frankfurt, no dia 26 de Julho.