Secretário de Estado garante que vai intervir numa solução para a Finex Tech

Numa carta apresentada aos trabalhadores a 13 de Julho, a administração da finlandesa Finex Tech informou da decisão de apresentar a empresa à insolvência.

Segundo Domingos Pinto, presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Vestuário e Têxteis este pedido é “imoral” e uma “habilidade” já que a empresa não está insolvente e tem como objectivo deslocalizar a produção para a China.

“Gostávamos que o Governo intercedesse junto do homólogo finlandês para convencer a empresa que, se quer ir embora [de Portugal], deve respeitar os direitos dos trabalhadores e pagar os direitos. Há pessoas com 40 anos de casa”, disse à Lusa o dirigente sindical à entrada para a reunião com o secretário de Estado do Emprego, Pedro Silva Martins.

Já à saída do encontro, que contou também com três trabalhadoras da Finex Tech, o dirigente sindical afirmou estar confiante numa solução para este problema, uma vez que o governante mostrou conhecer o assunto e deu a garantia de que vai entrar em contacto com o homólogo da Finlândia, que “disse conhecer pessoalmente”.

Também Adelaide Aguiar, delegada sindical da Finex Tech, saiu optimista do encontro no Ministério da Economia, em Lisboa, de cerca de uma hora: “Ainda não perdi a fé, vamos lutar e vai valer a pena”, afirmou à Lusa.

Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Vestuário e Têxteis está em causa o facto de a empresa, que está a deslocalizar a sua produção de Portugal para a China, se ter apresentado à insolvência.

Domingos Pinto considera o pedido feito ao tribunal uma “habilidade” da administração da Finex Tech para evitar que sejam gastos cerca de dois milhões de euros no pagamento dos direitos aos trabalhadores, uma vez que, disse, o património da empresa é maquinaria usada e dois carros, toda a produção foi retirada da empresa em Julho e o espaço onde esta labora é arrendado.

O dirigente sindical afirmou mesmo que, na petição apresentada pela empresa no tribunal, é admitido que a “Finex Tech não está em situação de insolvência, mas como o dono e único cliente vai deixar de enviar encomendas para Portugal, presume-se que entrará em insolvência” nos próximos meses.

O dirigente sindical e as trabalhadoras da Finex Tech criticaram ainda que a empresa se esteja a deslocalizar para a Ásia, mais propriamente para a China, com o dinheiro de “todos nós, através da Segurança Social”, já que no lay-off a Segurança Social assegura parte do vencimento dos trabalhadores e em caso de insolvência seria accionado o Fundo de Garantia Salarial da Segurança Social.

A Finex Tech está em Portugal há quase 50 anos e já teve mais de 1.800 trabalhadores. Produzia vestuário desportivo, sobretudo para motociclismo, mas também para esqui e golfe.

A empresa está neste momento em processo de lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho), o quarto desde 2009 e que abrange os 110 trabalhadores. No regresso das férias, a 16 de Agosto, estes apresentaram-se na empresa mas não lhes foram abertas as portas, mantendo-se esta fechada desde então.

No domingo, o PS anunciou que deputados socialistas eleitos pelo Porto pediram ao ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, os montantes de financiamentos públicos, entre fundos comunitários e da Segurança Social, atribuídos à empresa do grupo finlandês L-Fashion Group Oy.