Paraíso dos graffiters vai ser substituído por duas torres de apartamentos luxuosos
5Pointz é um edifício onde os graffiters podem fazer a sua arte de forma legal. Vai ser destruído em 2013
Foi a tela de graffiters em Nova Iorque durante quase 20 anos, mas a destruição do 5Pointz já está prevista para o início de 2013. O edifício que é considerado pelos artistas como uma galeria aberta de cultura urbana vai dar lugar a um luxuoso imóvel.
Até aqui, a presença dos graffiters no 5Pointz era bem-vinda por David Wolkoff, o proprietário do edifício, que apoiava estes artistas urbanos e a sua arte nas paredes da fábrica abandonada.
Durante quase 20 anos, o 5Pointz foi considerado o paraíso dos graffiters na cidade norte-americana e atraiu artistas vindos de diferentes partes do mundo. A fábrica, situada em Queens, Nova Iorque, tem cerca de 20 mil metros quadrados e os artistas podem utilizá-la livremente, sem a pressão (mas também sem a adrenalina) de ter de fugir da polícia. Fazer das paredes e muros do 5Pointz telas de graffitis é legal e artistas como Stay High 149, Part, Cope2, e Tats Cru já deixaram a sua marca.
Ao fim de duas décadas, a degradação da fábrica abandonada de cinco andares está camuflada pelas cores dos graffitis e hoje, os artistas urbanos dizem que o 5Pointz é uma galeria, um pedaço de cultura urbana à vista de quem passa pela rua a pé ou de metro. Por isso, lamentam que um edifício icónico, já elogiado internacionalmente, esteja em risco de desaparecer.
Mas a decisão é quase definitiva, faltando, apenas, a aprovação final do projecto.
Depois de tanto tempo a defender a arte do graffiti, David Wolkoff revela que o que o fez mudar de opinião foi o inevitável progresso. O responsável aprecia o contributo que os artistas deram ao 5Pointz, mas aconselha-os a seguir em frente.
No lugar da fábrica vão ser construídas duas torres com mais de 40 andares. Com 92 mil metros quadrados, o empreendimento imobiliário terá um grande ginásio, sala para ioga, piscina interior, salas de bilhar, salas para festas e para a imprensa e um espaço exterior, entre outras áreas.
David Wolkoff justifica o projecto referindo que se vive um bom momento para os negócios, mas já prometeu guardar uma parte da arte urbana que marca o edifício numa galeria da nova construção e parte das paredes numa zona pedestre. “Não pode ser tudo, não pode ser 100 por cento do edifício, não podem ser 2 torres de 47 andares com graffitis por todo o lado”, afirma.
Assim, no futuro, quem passar por esta rua em Queens já não verá a fábrica abandonada transformada em objecto de arte urbana, mas sim duas torres espelhadas com apartamentos com vista sobre Manhattan.
