Anúncio pró-Obama culpa Romney por morte de mulher com cancro

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Joe Soptic, cuja mulher morreu de cancro, é um dos protagonistas desta polémica Imagem: DR

Se a campanha de 2008 ficou conhecida por trazer a público uma figura chamada “Joe, the plumber” - um cidadão que deu voz às preocupações dos americanos e acabou por se transformar no porta-estandarte da candidatura republicana -, a campanha de 2012 está a ser marcada pela figura deste outro trabalhador, apelidado de “Joe, the steelworker”.

Na realidade este cidadão chama-se mesmo Joe (ao contrário do outro, cujo verdadeiro nome é Samuel e que, curiosamente, está a tentar uma carreira política) - Joe Soptic - e trabalhava numa fábrica de aço detida pela firma Bain Capital, fundada pelo candidato republicano às próximas eleições, Mitt Romney.

Esta fábrica, no estado do Missouri, deu a ganhar milhões aos seus accionistas antes de abrir falência, em 2001, numa altura em que Romney já não estava directamente ligado aos destinos da empresa. O fecho da fábrica acabou por originar o despedimento de 700 trabalhadores, incluindo Joe Soptic.

O homem acabou despedido e viu-se sem seguro de saúde para si e para o agregado familiar. Tragicamente, a mulher - que entretanto também ficou desempregada - foi diagnosticada com um cancro e acabou por morrer passados 22 dias. O processo foi muito rápido porque a mulher ignorou os sintomas durante vários meses, sabendo que a família estava sem seguro de saúde.

É precisamente esta a história contada por Joe Soptic num recente vídeo eleitoral pró-Obama que foi pago pelo grupo Priorities USA, um comité político que apoia a reeleição de Obama.

Apesar de Joe Soptic nunca responsabilizar directamente Romney pela morte da sua mulher, é isso mesmo que se pode inferir do seu testemunho. “Acho que o Mitt Romney não percebe o que fez às pessoas. E mais: acho que ele não está preocupado”.

Foi precisamente este vídeo que fez rebentar a polémica nos EUA, a ponto de até a equipa oficial de Obama se querer distanciar dele e a ponto de a equipa de Romney ter dado um faux pas potencialmente trágico.

Do lado da campanha de Obama, a resposta chegou da parte da porta-voz Jen Psaki, que disse o seguinte: “Não temos qualquer conhecimento da história desta família”. Estas declarações foram produzidas depois de se saber o resto da história de Joe Soptic, “desenterrada” pelo flanco republicano. Sabe-se que, posteriormente, o homem arranjou um novo trabalho e recebe a pensão de viuvez da mulher. Em conjunto, recebe agora tanto como recebia quando foi despedido da fábrica. A nível pessoal, Soptic - um sindicalista e democrata - também refez a sua vida, tendo-se casado com uma antiga namorada de liceu.

A campanha de Obama também se quis distanciar deste anúncio porque ele é abusivo na ligação de Romney aos destinos da fábrica. O candidato republicano foi-se desligando da Bain Capital em 2001 - depois de uma série de pedidos de licença - e a sua separação da firma aconteceu oficialmente no início de 2002.

Do campo republicano, a reacção também não se fez esperar mas a emenda poderá ter sido bem pior que o soneto. A porta-voz de Romney, Andrea Saul, notou numa entrevista que se Joe Soptic vivesse no estado de Massachusetts na altura em que foi despedido teria tido acesso ao serviço universal de saúde introduzido naquele estado por Romney aquando da sua governação.

Esta sugestão pôs os conservadores de cabelos em pé, já que Romney tem feito de tudo para se distanciar desta sua decisão enquanto governador uma vez que ela ecoa a histórica aprovação por parte de Obama de uma lei que aproximou os EUA da cobertura universal em termos de cuidados médicos. Esta lei sempre foi muito criticada pelos republicanos e continua a ser um cavalo de batalha desta campanha.

O eminente republicano americano Rush Limbaugh disse que estas declarações da porta-voz são uma “mina de ouro” para os democratas. Mais dramático, Erick Erickson - do blogue conservador RedState.com - disse que estas declarações “marcam o dia em que a campanha de Romney morreu”.

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