Foram libertadas oito águias-pesqueiras no Alentejo. Espera-se que regressem em 2013

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Aves vieram da Finlândia e Suécia

Projecto pretende reintroduzir a espécie no país. Há 15 anos que deixou de nidificar em Portugal. Por ano, serão 10 aves

Na madrugada de segunda-feira, foram libertadas, com sucesso, oito águias-pesqueiras junto à albufeira de Alqueva, no Alentejo, revelam os responsáveis por este projecto de reintrodução no país de uma espécie que deixou de nidificar em Portugal há 15 anos.

Ontem de manhã, as águias estavam "tranquilas, pousadas em azinheiras e em postes de alimentação", informou Andreia Dias, coordenadora operacional do projecto.

As aves, com oito e nove semanas de idade, chegaram há cerca de um mês a uma propriedade perto de Reguengos de Monsaraz, junto à albufeira de Alqueva, vindas da Finlândia e da Suécia. Os animais vieram ao abrigo de um projecto de reintrodução da águia-pesqueira (Pandion haliaetus) que começou em 2011 por iniciativa do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (Cibio), organização privada ligada à Universidade do Porto, e cujo objectivo é criar um núcleo reprodutor no Alentejo. Desde que, em 1997, morreu a fêmea do único casal existente no país, na costa alentejana, a ave só pode ser avistada em Portugal durante as migrações.

O processo de libertação começou domingo à noite. "Ao escurecer, rebatemos um pouco os painéis frontais amovíveis (das jaulas), para que a operação não fosse muito abrupta", explicou Andreia Dias. "Cerca das 5h30, retirámos os painéis. A primeira águia-pesqueira saiu às 5h45 e as outras foram saindo de forma gradual. A última deixou a jaula às 8h05."

Agora, os técnicos vão acompanhar as jovens aves para "actuar em caso de necessidade", graças a aparelhos de radiotelemetria e a visualizações directas com deslocações de carro ou de barco.

Dentro das jaulas, ainda estão três águias. "Continuamos a alimentá-las e a seguir o seu comportamento, para saber quando estarão prontas para voar", acrescentou Andreia Dias.

Daqui a um mês, as aves deverão partir para as zonas de invernada, ou seja, para África. A expectativa dos responsáveis pelo projecto é a de que, ao chegarem à maturidade sexual, dentro de três anos, regressem para nidificar no Alqueva. Se tal acontecer, significa que identificam aquele local como sendo o da sua origem. No ano passado, foram libertadas dez águias, três das quais acabaram por morrer.

Durante os próximos anos, o projecto prevê a chegada de dez aves por ano. Se tudo correr bem, a águia-pesqueira poderá começar a progredir para a zona costeira, via zonas húmidas do Tejo e do Sado.

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