Teddy "Bear" Riner, o judoca que ninguém se atreve a atacar

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O francês Teddy Riner festeja o seu primeiro título olímpico MIGUEL MEDINA/AFP

O francês conquistou o seu primeiro ouro olímpico em +100kg, derrotando na final, aos 23 anos, o russo Alexander Mikhaylin

"Tenacité. Energie. Determination. Dynamisme. Yes... he did." Era o que estava escrito nas costas da camisola de um francês que passou ontem pelo Excel para ver o último dia do judo olímpico em Londres. Se se juntar a primeira letra de cada palavra, forma um nome, Teddy. E, sim, ele conseguiu. Teddy Riner, conhecido no mundo pela alcunha "Teddy Bear", sagrou-se ontem campeão olímpico de judo na categoria de +100kg, demonstrando, mais uma vez, que não tem adversários à altura na classe mais pesada da modalidade.

O próprio francês parecia queixar-se disso mesmo. "Não consegui fazer um único ataque. Estavam todos superdefensivos", queixou-se o judoca francês nascido na ilha de Guadalupe, que conquistou ontem a sua segunda medalha olímpica, depois do bronze em Pequim 2008. Mas na altura era ainda um muito promissor judoca. Agora é aquele que todos estudam, o gigante imbatível que não perde um combate desde 2010.

A final, contra o russo Alexander Mikhaylin, foi o exemplo perfeito das queixas do francês. Pontuações, só por penalização porque Mikhaylin, que não é um judoca qualquer (três títulos mundiais), preferia manter-se longe dos longos braços de Riner. Mas "Teddy Bear" esteve sempre no controlo total.

Riner não deixa nada ao acaso. Sabe ler e avaliar as forças e fraquezas do adversário que tem pela frente e adapta as suas estratégias rapidamente. Contra o primeiro adversário do dia, o polaco Janusz Wojnarowicz, ganhou nas penalizações, contra o tunisino Faicel Jaballah foi ippon por projecção e frente ao cubano Oscar Brayson foi ippon por imobilização. Para o seu oponente russo da final, era só esperar: "Logo no início, vi que ele tinha uma pequena lesão na mão, não muito grande, mas ela existia. No primeiro minuto, percebi logo que ia ganhar."

Mas, por mais preparado que estivesse, por mais planeada que estivesse a campanha, havia algo que Riner não conseguia controlar, a ansiedade. E foi por isso que não conseguiu dormir nos últimos dias. "Passava as noites acordado. Tinham de me fazer massagens ao crânio. Não queria perder no primeiro combate... Um combate também é uma luta contigo próprio", revelou.

Se "Teddy Bear" tinha alguma dúvida, o público não tinha. A plateia era totalmente francesa e recheada de celebridades desportivas como os basquetebolistas Tony Parker e Boris Diaw, ou a antiga velocista Marie José Perec. "Teddy", gritava-se. O francês de 2,03m de altura e apenas 23 anos manteve-se impassível ao longo do dia, e até ficou a ver o combate da outra "meia" só para ver como estava o adversário. Só depois de os árbitros o declararem o vencedor da final é que Teddy saltou, ajoelhou-se e beijou o tapete. Cumprimentos à família e high fives com os adeptos da bancada. Já com a medalha ao pescoço, Teddy, com um sorriso enorme e corte de cabelo estilizado "à jamaicana", vai descansar três ou quatro meses. "Se calhar até vão durar seis meses. Quatro anos foi muito tempo. Disseram-me para não fazer jet-sky e tal. Por isso, agora, vou fazer tudo aquilo que é proibido."

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