NASA prepara-se para uma "aterragem louca" em Marte

Desenho que ilustra como deve ser a aterragem do robô na superfície de Marte
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Desenho que ilustra como deve ser a aterragem do robô na superfície de Marte Foto: REUTERS/NASA-JPL/Handout
James Wong (esquerda) e Errin Dalshaug examinam modelo em tamanho real do robô enviado a Marte
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James Wong (esquerda) e Errin Dalshaug examinam modelo em tamanho real do robô enviado a Marte Foto: Robyn Beck/AFP
Desenho que mostra como o robô usará o ChemCam, instrumento de Química e câmara, para investigar a superfície de Marte
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Desenho que mostra como o robô usará o ChemCam, instrumento de Química e câmara, para investigar a superfície de Marte Foto: REUTERS/NASA/JPL-Caltech/Handout
Imagem obtida pelo Thermal Emission Imagin System da NASA e que mostra a região onde o <i>rover</i> Curiosity deve aterrar
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Imagem obtida pelo Thermal Emission Imagin System da NASA e que mostra a região onde o rover Curiosity deve aterrar Foto: AFP/HANDOUT/NASA/JPL-Caltech/ASU
Director de voo David Oh, do Mars Science Laboratory, na sala de controlo, Pasadena Califórnia
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Director de voo David Oh, do Mars Science Laboratory, na sala de controlo, Pasadena Califórnia Foto: Robyn Beck/AFP
Membros do Mars Science Laboratory trabalham dados num espaço adjacente à sala de controlo do Jet Propulsion Laboratory, na Califórnia
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Membros do Mars Science Laboratory trabalham dados num espaço adjacente à sala de controlo do Jet Propulsion Laboratory, na Califórnia Foto: Robyn Beck/AFP

A história das missões a Marte está recheada de falhanços. Desde 1960, das 39 missões que se realizaram, 26 falharam, muitas delas mal saíram da Terra. Não é por acaso que o planeta é conhecido como um cemitério de sondas. O momento será de ansiedade e expectativa para um batalhão de cientistas.

“A aterragem do Curiosity é a missão mais difícil que a NASA alguma vez teve na história da exploração planetária robótica”, disse John Grunsfeld, administrador da NASA e antigo astronauta, numa conferência de imprensa. “Apesar de o desafio ser enorme, a capacidade da equipa e a sua determinação dá-me uma grande confiança de que a aterragem será bem sucedida.”

O rover foi programado ao pormenor pela agência espacial norte-americana NASA para descer e aterrar na cratera Gale. O local foi escolhido para se procurarem sinais que mostrem que, no passado, houve condições ambientais que sustentassem vida microscópica.

Quando finalmente a Terra receber informação sobre o robô, às 6h31 da madrugada de 6 de Agosto, hora de Portugal continental, já tudo aconteceu há quase 14 minutos, o tempo que os sinais de rádio levam a viajar de Marte até à Terra.

O Curiosity é um laboratório andante de seis rodas, com dez instrumentos científicos. Mede três metros de comprimento e 2,8m de largura, uma altura máxima de 2,1 metros e um braço para fazer experiências. Tem 899 quilos: em comparação, o Opportunity, o rover da NASA da geração anterior, que há mais de oito anos rola pela paisagem marciana, pesa menos de um quarto.

Mas todo este tamanho tem um preço e obrigou a NASA a projectar uma descida considerada “louca” por muitos. Os sete minutos de terror vão começar quando a cápsula, em forma de cone, estiver a 125 quilómetros de altitude e a viajar a 21.240 quilómetros por hora.

Ao fim de quatro minutos e 14 segundos a atravessar a atmosfera, quando estiver a 11 quilómetros do solo e então a viajar a 1458 quilómetros por hora, irá abrir-se um enorme pára-quedas, de 16 metros de diâmetro, travando fortemente a descida. E menos de meio minuto depois, o escudo da cápsula será largado.

Passados quase seis minutos da entrada na atmosfera marciana, então a 1,6 quilómetros do chão, chegará um momento inédito na exploração planetária. A cápsula e o pára-quedas vão separar-se de uma “grua” espacial que, por sua vez, se manterá agarrada ao rover.

Juntos, o robô e a grua viajarão colados um ao outro, a 288 quilómetros por hora. Oito propulsores irão activar-se para desacelerar a descida, até uma velocidade de quase um metro por segundo. E, a 20 metros do solo, dar-se-á o tal momento “louco”: mantida no ar pelos propulsores, a grua começará a desenrolar cabos que estão ligados ao robô e que o farão descer até ao solo. Quando tocar no chão, os cabos serão libertados e a grua afastar-se-á do Curiosity para não levantar poeiras para cima dele.

Toda esta descida será automática, sem controlo humano, com uma série de manobras a sucederem-se ao segundo. “É uma aterragem louca? Não é assim tanto, uma vez que se compreende como acontece”, disse Doug McCuistion, director do Programa de Exploração de Marte da NASA.

Ler as mudanças ambientais

O Curiosity irá aterrar na cratera Gale, um buraco com 154 quilómetros de diâmetro formado há 3,5 milhões de anos. No meio da cratera, há um monte, com 5,5 quilómetros de altura, o Sharp.

“Quando [o Curiosity] alcançar os estratos no sopé do monte Sharp, vamos lê-los como capítulos de um livro sobre as mudanças das condições ambientais numa altura em que Marte foi mais húmido do que hoje”, explicou John Grotzinger, cientista do Programa de Exploração de Marte.

A missão do robô está programada para durar 687 dias terrestres, um ano marciano. Ele é alimentado a energia nuclear e, se tudo funcionar bem, poderá durar mais tempo.

O braço do Curiosity, com 2,1 metros, é multifacetado. É capaz de perfurar o solo até cinco centímetros e recolher amostras de rochas, que serão analisadas por um conjunto de instrumentos, incluindo um cromatógrafo gasoso e dois espectrómetros.

Estes instrumentos procuram a existência de moléculas orgânicas, feitas à base de carbono, o que ajudará a perceber qual foi o ambiente marciano ao longo de milhões de anos que ficou gravado nos estratos do monte Sharp. Estas moléculas não provam que havia vida, mas são essenciais para a sua existência.

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