José Dirceu, a eminência parda
Ex-ministro de Lula da Silva vai insistir na sua inocência e demonstrar que "nunca houve o chamado mensalão"
Apesar de ter caído do Governo por causa do Mensalão, José Dirceu manteve a imagem de quem manobrava nos bastidores. Mas "a maioria das coisas que se escreve sob a sua influência é mais lenda do que realidade", diz ao PÚBLICO Ilimar Franco, jornalista veterano do Globo em Brasília. "Ele trabalha na sua empresa de consultoria, é visto como um ex-político lutando para evitar sua condenação, respeitado entre os políticos, principalmente os petistas." No entanto, "sua influência no executivo e no legislativo é pequena".
Famoso ex-preso político na época da ditadura, Dirceu tem histórias como ter feito plásticas para não ser reconhecido ao voltar do exílio. É fundador do PT e geralmente visto como um poder na sombra.
Num documento de 11 páginas divulgado esta semana, ele nega a existência do Mensalão: "A defesa de José Dirceu entregue ao Supremo desmonta ponto a ponto as acusações feitas há sete anos. Os advogados mostram que nunca houve o chamado mensalão. O que de fato existiu foi a prática de "caixa dois" [verbas "por baixo da mesa", não contabilizadas] para cumprimento de acordo eleitoral, conduta irregular prontamente assumida por Delúbio Soares e o PT sobre a relação com partidos aliados em 2004."
Em entrevista ao Globo, o advogado de Dirceu, José Lima, disse que "dezenas de testemunhas afirmam categoricamente" que o ex-ministro de Lula "não tinha conhecimento" dos pagamentos de 55 milhões de reais a 18 parlamentares da base aliada, que "não existiu a propalada compra de votos" e que "não é verdade que está comprovada a utilização de dinheiro público".