Se o cinema francês contemporâneo continua a medir-se à sombra da Nouvelle Vague, Bertrand Tavernier, grande cinéfilo e realizador estimável (autor, por exemplo, de À Volta da Meia-Noite), sempre tem estado mais do lado do cinéma de papa, burguês e classicista, contra o qual a sua geração se elevou. A Princesa de Montpensier é exemplo disso: podia ser um grande melodrama de época dos anos 1940 ou 1950, confortável mas anónimo, assinado por gente como Claude Autant-Lara ou Christian-Jaque. Adaptado do romance de Madame de Lafayette (a mesma da Princesa de Clèves), é a história da aprendizagem romântica de uma adolescente de boas famílias por entre as guerras religiosas da França do século XVI, moça orgulhosa que dá volta às cabeças de três nobres sem ter bem a noção do que está a acontecer. Lambert Wilson, Gaspard Ulliel e Grégoire Leprince-Ringuet são impecáveis, mas Mélanie Thierry é um erro de casting flagrante, com a sua beleza de porcelana incapaz de revelar a fogosidade da personagem. Resulta um filmezinho burguês, sim, um pouco bafiento, talvez, mas suficientemente correcto para se ver sem fastio.
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