Maher al-Assad, o irmão mais novo do Presidente que comanda a repressão na Síria
Rapidamente subiu na hierarquia militar, seguindo as pisadas do irmão mais velho Bassel Assad, que morreu num acidente de carro em 1994. Foi na sequência deste acidente que o actual presidente Bashar al-Assad (três anos mais novo do que Bassel e dois anos mais velho do que Maher) entrou no caminho da sucessão. O pai e então presidente, Hafez al-Assad, considerou que Maher tinha um temperamento demasiado violento para o cargo, recorda o El País, num perfil do brigadeiro-general.
Em Maio do ano passado, começou a circular pela Internet um vídeo que mostrava um homem, vestido à civil e protegido com um grande aparato policial, a disparar contra manifestantes desarmados. As imagens não são claras, mas muitos dissidentes garantem que o atirador nas imagens é o próprio Maher – é apenas um dos muitos episódios violentos no historial do militar.
Terá também estado, de acordo com um relatório da ONU, envolvido no assassinato do primeiro-ministro libanês Rafik Hariri, em 2005. Num outro episódio, uma altercação com o cunhado Assef Shawkat, também general no exército, terá acabado com Maher al-Assad a disparar um tiro no estômago do interlocutor. Em 2008, coordenou uma acção de contenção de um motim numa prisão, causando entre 25 e 170 mortos.
Aos 44 anos, casado e com duas filhas, Maher al-Assad é considerado, na prática, o principal líder das forças armadas e descrito como o segundo homem mais poderoso do regime, sobretudo desde que o antigo ministro da Defesa sírio e o general Shawkat foram mortos num ataque, no mês passado, que vitimou também o ministro do Interior.
Maher quase nunca aparece em público, mas os que já lidaram com ele descrevem alguém com uma autoconfiança superior, que trata o irmão como parte da propriedade da família.
Um empresário sírio que aceitou um convite de Maher para jantar antes da revolta contra a família ter começado, há 16 meses, diz que ele o levou com um grupo de executivos franceses e sírios a um restaurante na montanha de Qasioun, com vista para Damasco.
Todo o staff que os serviu era constituído por mulheres, algo raro neste país conservador. "O restaurante parecia ter aberto só para nós, eu estava estupefacto porque na Síria não costumamos ver empregadas de mesa. Maher inclinou-se para mim e disse em frente a toda a gente que eu podia escolher qualquer uma das empregadas e levá-la para casa", conta o empresário, sob anonimato.
"Ele não é tímido quando se trata de mostrar o quanto é vulgar." Maher al-Assad não dá entrevistas e os esforços para o contactar para este artigo foram infrutíferos.
Opositores da família Assad descrevem-no como o mais implacável membro do "conselho familiar" que tenta sobreviver à revolta contra a dinastia de punho de ferro fundada pelo patriarca, Hafez al-Assad.
Tanto os EUA como a União Europeia já apontaram as tropas comandadas por Maher como responsáveis em boa parte pela violência contra a oposição ao regime. Por seu lado, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, teceu duras críticas à actuação do irmão mais novo do Presidente Bashar: "Afirmo isto clara e abertamente: de um ponto de vista humanitário, não se está a comportar de forma humana".