Kosmicare, o serviço “incomum” do Boom Festival

Este ano, entre 28 de Julho e 4 de Agosto, em Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco, quem foi ao Boom Festival e tiverem uma crise psicológica terão atendimento garantido. É o Kosmicare que promete curar as bad trips.

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O Kosmicare existe desde a primeira edição do festival DR

O Boom deu o espaço e as pessoas, a Universidade Católica (UC) o conhecimento e o Instituto da Droga e da Toxicodependência os meios. Iniciou-se assim uma investigação inédita, que visa melhorar a intervenção e minimizar danos causados por crises psicológicas após o consumo de substâncias psicoactivas, advertidamente ou inadvertidamente.

O serviço já era oferecido desde a sua primeira edição, no entanto, o que a maioria não sabe é que este tem por trás as três entidades que à partida “não seria esperado colaborarem e um método de intervenção único”, sublinha Artur Mendes, um dos organizadores do Boom festival.

“Procurávamos avaliar este serviço e caracterizar as situações que são atendidas, mas claro nunca nos sobrepomos aos serviços de emergência médica normal”, declarou Maria do Carmo, uma das terapeutas no festival.

Quem encontrasse Maria do Carmo, na edição anterior do festival, poderia encará-la apenas como uma das “terapeutas” que ajudam no serviço Kosmicare. No entanto, Maria do Carmo é a coordenadora do projecto de investigação sobre o consumo de substâncias e também professora na Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica.

Este ano, vai ter à sua responsabilidade uma equipa de 50 pessoas, incluindo psiquiatras, homeopatas, enfermeiros e até terapeutas alternativos. “Vamos ajudar quem estiver a ter uma “bad trip”, durante todo o período da crise”, sublinhou Maria do Carmo ao Público.

O nosso principal princípio de intervenção é que não devemos medicar excessivamente, mas sim, ajudar as pessoas a atravessar o que está a acontecer, de maneira a que seja seguro para o sujeito “, acrescentou.

Na base das intervenções do serviço Kosmicare está “alguma literatura científica recente, que indica que uma má intervenção ou a não existência de uma em um momento de crise psicológica, aumenta o risco de aparecimento de patologias mentais no futuro”, explica a coordenadora do projecto.

De acordo com os seus registos, em 2008, foram “encaminhadas” 200 pessoas e, em 2010, 130 indivíduos.

Apesar da diminuição deste tipo de casos “os valores têm de ser interpretados em função do número de participantes e da duração do festival. A diminuição de 2008 para 2010 pode dever-se simplesmente devido à localização do serviço.”

Em outros festivais, não existe este tipo de intervenção. Contudo, não é só no Boom que estas situações acontecem. “Profissionais de saúde que trabalham em outros festivais partilham sempre a ocorrência de crises psicológicas”, informou Maria do Carmo ao Público.

Boom Festival

Mais de 800 artistas dos quatro cantos do mundo preparam-se para passar pelas margens da barragem Marechal Carmona, entre os quais Andrew Jones, Gaudi, Gocoo, Daniel Popper, Charles Eisenstein, The Do Lab e Mixmaster. Estão ainda programados mais de cem workshops gratuitos sobre diversas formas de expressão artística.

Até à terceira semana de Julho, já tinham sido vendidos 20 mil bilhetes, o que representa um aumento de 20% face aos números do ano passado. E, sublinhou Artur Mendes, “ainda falta na conta os bilhetes vendidos à porta, nos dias do festival”.

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