Bairro Alto com mais estacionamento e parque em estudo no Príncipe Real
Câmara quer transformar quarteirão onde funcionou jornal A Capital em silo automóvel, não pondo de lado hipótese de construir parque subterrâneo nas imediações de jardim. Igespar vai ter de se pronunciar
A Câmara de Lisboa tem planos para instalar um silo automóvel no quarteirão onde funcionou o jornal A Capital, no Bairro Alto.
Bastante antes disso, talvez este ano ainda, um condomínio privado situado junto ao Calhariz, no mesmo bairro, disponibilizará aos noctívagos 80 lugares na garagem do prédio. Os projectos do vereador da Mobilidade, Nunes da Silva, passam ainda por construir mais parqueamento noutra zona da cidade carenciada de lugares, a zona entre o Príncipe Real e São Bento. "Aqui existem quatro hipóteses de localização, duas subterrâneas e duas em silo", explica. Se a autarquia optar pela solução enterrada, poderá construir o estacionamento numa das laterais da Praça do Príncipe Real. Nunes da Silva assegura que o jardim será, neste caso, integralmente preservado.
A tentativa da Câmara de Lisboa de construir, há 11 anos, um estacionamento subterrâneo debaixo da praça esbarrou num coro de protestos de habitantes e ambientalistas. E também nas objecções do Instituto Português do Património Arquitectónico, que considerou que a obra implicaria riscos de carácter patrimonial e ambiental. Debaixo do jardim está o reservatório de água da Patriarcal.
Outra alternativa passa por a empresa americana que está a comprar vários edifícios na zona para reabilitar e arrendar, a Eastbanc, fazer mais uma cave num deles, na Rua da Escola Politécnica, de forma a albergar um parque público. Este processo está, no entanto, mais atrasado que o do Bairro Alto, uma vez que ainda não foi escolhida nenhuma localização. No caso do quarteirão de A Capital, entre a Rua Diário de Notícias e a Rua do Norte, o projecto deverá incluir a preservação da fachada e a manutenção dos seus três andares. O processo está a ser acompanhado pelo Instituto do Património Arquitectónico: "Houve um primeiro contacto com o Igespar e não foram levantadas objecções, mas ainda não foi apresentado o projecto, que há-de ser elaborado", descreve Nunes da Silva. Na melhor das hipóteses, os 179 lugares, metade dos quais serão reservados a moradores, estarão prontos lá para 2014, depois de os diferentes vereadores aprovarem a iniciativa. O silo destina-se a ser explorado pela Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa (EMEL), que está neste momento a elaborar um anteprojecto e um estudo económico. O seu custo deverá rondar os seis milhões de euros.
A Câmara de Lisboa mantém ao abandono o antigo edifício de A Capital desde que, em 2002, dali despejou a companhia de teatro Artistas Unidos, por razões de segurança. "O edifício esteve para continuar a ter um uso cultural mas as obras necessárias ao cumprimento dos regulamentos de segurança e estabilidade obrigavam a um investimento muito forte", conta o vereador da Mobilidade. "Também se pensou em ali instalar um equipamento social, como um jardim-de-infância, mas encontraram-se outras soluções". Com o parque do Largo do Camões a abarrotar quase constantemente resolveu-se ocupar A Capital. A ideia parece agradar a moradores e comerciantes vizinhos, que só lamentam a década de abandono.
Além destes parques, a autarquia tenciona ainda construir novos estacionamentos no Campo das Cebolas (um silo), junto ao mercado de Arroios, em Campo de Ourique (Praça Afonso do Paço e Largo da Igreja de Santa Isabel), na Rua D. João V, em Benfica (no Bairro das Pedralvas e na Rua da República Peruana), na Estrada da Luz, na Rua Flores de Lima (junto à Avenida dos EUA). Os últimos sete parques serão subterrâneos e objecto de concursos para concessão, construção e exploração.