Linha do Vouga tem o mesmo potencial que a de Guimarães

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Trenmo propõe integração da linha na concessão da CP Porto ADRIANO MIRANDA

Reconverter a Linha do Vouga para via larga, com ligação directa ao Porto, pode custar 68 milhões de euros, diz estudo

Apanhar o comboio em Campanhã e sair em Oliveira de Azeméis uma hora depois e sem qualquer transbordo é possível, se se reconverter a velha Linha do Vouga para via larga ligando-a fisicamente à Linha do Norte em Silvaldes (Espinho). Esta é a proposta do estudo do custo-benefício daquela linha no troço Espinho-Oliveira de Azeméis, elaborado pela consultora Trenmo, que calcula o investimento necessário para esse projecto em 68 milhões de euros. Um montante que tem como principais parcelas 45 milhões para a reconversão da linha e sua electrificação e sinalização, dez milhões para um túnel de três quilómetros em Paços de Brandão e dez milhões de expropriações.

A linha de Guimarães era há dez anos também uma linha de via estreita que foi reconvertida em via larga e integrada na rede suburbana do Grande Porto. O estudo comparou a população residente entre Lousado e Guimarães e entre Espinho e Oliveira de Azeméis e encontrou realidades idênticas: 41 mil habitantes no primeiro caso e 48 mil habitantes no segundo. Com um serviço suburbano directo ao Porto, prevê-se que a procura no Vouga tenha um comportamento idêntico ao de Guimarães, onde "a sua conversão para via larga e inclusão do serviço nos Urbanos do Porto trouxeram uma revolução total ao serviço, tendo evoluído, em oito anos, de cerca de 300 mil passageiros transportados anualmente para cerca de dois milhões".

A constatação de que a Linha do Vouga tem um traçado muito sinuoso, com curvas muito apertadas - que leva os ferroviários a dizer vulgarmente que "a linha passa no meio dos quintais" - obriga à construção de variantes, ripagem de curvas e até de um túnel por baixo das fábricas e urbanizações de Paços Brandão, por neste caso se ter revelado impossível encontrar um canal para uma via larga. Em Silvades, a sul de Espinho, a futura Linha do Vouga entroncaria na Linha do Norte permitindo uma continuidade de serviço para o Porto, colocando Oliveira de Azeméis a uma hora de Campanhã, um tempo concorrencial com a oferta rodoviária da região. Demora-se entre 55 e 70 minutos a ligar as duas cidades.

O estudo tem a preocupação de que o Estado não gaste dinheiro neste projecto. Por isso, e como o Governo tem prevista a concessão a privados da rede da CP Porto, é proposto que seja realizado um concurso público que inclua a privatização desse serviço mais o investimento a realizar na Linha do Vouga. Um investimento que, contudo, poderá ter 85% de financiamento comunitário. A reconversão para via larga, diz o documento da Trenmo, "poderá permitir também, no futuro, a circulação de comboios de mercadorias, o que poderá representar uma fonte de receita adicional da linha, dado esta se encontrar inserida numa zona com elevada densidade industrial".

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