Conservação de aves no Alentejo ganha 18 hectares
Os terrenos agrícolas foram adquiridos em Maio com 75% de financiamentos comunitários e 25% divididos entre fundos da própria LPN e de donativos de empresas.
“Estes 18 hectares são zonas nucleares para a conservação destas aves, que precisam de áreas muito extensas, e têm condições de excelência. São territórios onde as abetardas fazem paradas nupciais e onde nidificam, por exemplo”, disse nesta sexta-feira ao PÚBLICO Rita Alcazar, responsável da LPN pelo projecto LIFE Estepárias (2009-2012).
Os novos terrenos juntam-se agora a outros 150 hectares que a associação ambientalista – a mais antiga do país, criada em 1948 – havia adquirido em Fevereiro de 2011.
Naqueles 168 hectares existem cerca de 50 abetardas (Otis tarda), a maior e mais pesada das aves da fauna portuguesa, e outras aves como o sisão (Tetrax tetrax), o peneireiro-das-torres (Falco naumanni) e a perdiz-comum (Alectoris rufa).
“Vamos manter parte da gestão agrícola, semeando searas todos os anos em algumas zonas e mantendo outras em pousio. Mas iremos fazer melhoramentos do habitat para estas aves, como a construção de uma torre de nidificação, a remoção de vedações, a acessibilidade a pontos de água e a proibição da caça”, explicou a responsável.
“Nestes terrenos, a gestão agrícola assegura abrigo e alimento sem perturbação para estas espécies, que nidificam no solo e que dependem de extensas áreas planas e desarborizadas para se alimentar e caçar”, segundo uma nota da associação ambientalista.
Os 168 hectares fazem parte de uma área maior, com 85.000 hectares, ou seja, a Zona de Protecção Especial (ZPE) de Castro Verde. De acordo com a LPN, nesta ZPE, o número de abetardas passou das 400 em 1997 para as cerca de 1300 abetardas no final desta Primavera; destas, 50 ocorrem nas propriedades adquiridas desde Fevereiro de 2011.
Quando o Programa LIFE Estepárias terminar, no final de 2012, a conservação destas aves vai sofrer alterações. “A nossa presença no terreno terá de ser reduzida e teremos de deixar de fazer algumas acções, como a vigilância das colónias de peneireiros, para resgatar os juvenis feridos que caem dos ninhos, a sensibilização junto dos caçadores, ou a intervenção para diminuir os impactos negativos das centenas de quilómetros de vedações”, disse Rita Alcazar.