Obama declara situação de desastre no Colorado
As altas temperaturas nos EUA ajudam as chamas. O Presidente aproveita para fazer campanha e os cientistas também
O estado do Colorado enfrenta o incêndio florestal mais destrutivo da sua história, que levou ontem o Presidente Barack Obama a visitar a segunda maior cidade, Colorado Springs, de onde tiveram de ser retiradas 35 mil pessoas.
Obama foi ver com os seus olhos a destruição que o levou a proclamar o Colorado uma área de desastre federal, que libertará verbas e recursos preciosos para combater o incêndio e também para lidar com as consequências das chamas - que ontem, ao princípio da noite (hora portuguesa), estavam controladas apenas em 15%. Havia notícia já de um morto e de 346 casas destruídas por um incêndio com várias frentes. A pior é a de Waldo Canyon, que tinha já queimado 7487 hectares, grande parte na Floresta Nacional Pike, nos arredores de Colorado Springs, e ameaça a Academia da Força Aérea.
Os nove membros do Congresso eleitos pelo Colorado escreveram a Obama pedindo-lhe ajuda - e o Presidente não se fez rogado, no contexto da campanha das eleições presidenciais de Novembro. É que o Colorado é um estado que não vota claramente republicano nem democrata. Uma sondagem da NBC News de Maio dava 46% para Obama e 42% para o republicano Mitt Romney, recorda a Associated Press. Obama não quer perder a oportunidade de marcar pontos com os eleitores, mostrando-se um líder apto a lidar com situações de emergência - e afastando o fantasma do Presidente George W. Bush e da forma como se alheou do desastre provocado pelo furacão Katrina em Nova Orleães, em 2005.
Mas este é apenas um dos cerca de 40 incêndios que estão a lavrar neste momento nos EUA, a maioria deles em dez estados do Oeste, segundo os dados do Centro Nacional de Incêndios, em Boise, no Idaho.
As altas temperaturas que se fazem sentir - e que estão a chegar à costa leste também, com alertas para a cidade de Washington - são um factor importante para os incêndios. Foram batidos ou igualados 41 recordes de temperatura desde domingo, a maior parte deles no Colorado, no Kansas ou no Nebrasca, o que, diz um post no blogue Green do New York Times, é invulgar para esta época do ano.
Outros factores também contribuem para a severidade dos incêndios, como os baixos níveis de precipitação do Inverno passado, e a ausência de noites muito frias. Houve pouca neve, as florestas estão secas e muitas árvores estão doentes, porque os parasitas não morreram com o frio. Tudo junto, é um cenário que, embora não se possa relacionar directamente com as alterações climáticas, se encaixa num padrão que se tornará mais comum, disseram cientistas que participaram num encontro esta semana: "É uma janela para o que é o aquecimento global. É calor. Incêndios. Este tipo de desastres ambientais", disse Michael Oppenheimer, geofísico da Universidade de Princeton.