"O Cavalo de Turim" não é um filme que se revele à superfície, que responda às lógicas lineares da convenção tal como o cinema mais tradicional as usa. OCavalo de Turim é um filme para quem espera do cinema que mexa consigo de uma forma elementar, quase inexplicável, puramente sensorial. Podíamos dizer que é um cinema para “entendidos”, seja lá isso o que for -mas é uma ideia profundamente redutora, porque este é um filme que reduz tudo à essência mais pura da arte cinematográfica (imagem, som, ação) e fá-lo descartando tudo aquilo que é importante para a maior parte dos espectadores. Bela Tarr não é para quem quer, nem mesmo para quem pode - e não há nisto nada de elitista: trata-seapenas de admitir que há muitas maneiras diferentes de fazer cinema e a dele é “outra coisa”, a um tempo tão depurada que chega a ser arcaica e tão radical que chega a ser visionária. E, como sabemos, esse é o tipo de atitude que se dá mal com um certo discurso redutor e superficial sobre o que “deve ser” o cinema. O Cavalo de Turim diz que o cinema é o que um artista quiser - e o que Béla Tarr quer deixa marcasinapagáveis. Saibamos merecê-lo.
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