Cavaco pede urgência na adopção de novas políticas de emprego
“É urgente passar das palavras aos actos e adoptar novas políticas de emprego, quer à escala europeia, quer à escala nacional”, afirmou o Presidente da República, na sessão solene das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que decorreu no Centro Cultural de Belém.
No dia seguinte ao anúncio da ajuda europeia à banca espanhola em condições muito diferentes dos resgates financeiros já efectuados a Portugal, Grécia e Irlanda, Cavaco Silva continuou sem se referir directamente ao assunto. Mas alertou para o risco de, se a Europa não assumir os valores da coesão e solidariedade no projecto europeu, se somar à crise económica e financeira “a pior de todas as crises, a crise das convicções, da diluição dos valores e da perda dos ideais”.
Para o combater, defendeu ser crucial “conjugar a dimensão orçamental com medidas destinadas a criar condições propícias ao crescimento competitivo e a promover o emprego e a justiça social”.
“Em 1992, a união e a solidariedade europeias eram uma opção de futuro para a Europa. Hoje, em 2012, são uma condição de sobrevivência do projecto europeu”, afirmou o Presidente da República.
E explicitou: “Se nos deixarmos abater pelo pessimismo, se crescerem os egoísmos nacionais, se os Estados-membros não valorizarem a coesão e a solidariedade, se não houver coragem para defender a moeda única, se não for adoptada uma verdadeira agenda europeia para o crescimento económico e para o emprego, a União Europeia arrastar-se-á penosamente numa profunda crise”.
Por isso exortou os líderes europeus a mostrar que possuem “a mesma grandeza e o mesmo rasgo estratégico” daqueles que, há 20 anos, transformaram a Comunidade Europeia em União.
“A União não é apenas um vasto mercado de trocas comerciais nem um aglomerado de economias que partilham a mesma moeda. É muito mais do que isso. Os líderes da União Europeia, para ultrapassarem o impasse com que se defrontam, têm de pensar a Europa como um espaço comum que, antes de ser económico e financeiro, é histórico e cultural”, frisou Cavaco Silva.
Falando depois directamente ao país, elogiou o “espírito cívico e de entreajuda”, a “maturidade e sabedoria” que os portugueses têm demonstrado, dizendo ser prova de que “não perdemos o sentido de coesão nacional”.
E lançou um apelo explícito aos decisores políticos: “Estabeleçam formas mais eficazes de articulação entre as agências vocacionadas para a promoção das exportações e para a captação de investimento externos e as comunidades e associações portuguesas ou de lusodescendentes”.