GPL é o único combustível cujas vendas têm vindo a crescer em Portugal
A diferença de preços entre o GPL e os outros combustíveis rodoviários está a impulsionar este nicho de mercado
A crise económica está a atingir em força o mercado automóvel em Portugal: reflecte-se numa forte quebra das vendas de carros, que todos os meses caem 50% face ao ano passado, e também em quantidades cada vez menores de gasolina e gasóleo a circularem pelas estradas. Há, no entanto, alguns nichos de mercado que vão escapando ao apertar das carteiras ou que até estão a ganhar algum espaço devido à contenção de gastos.
É o caso do GPL (gás de petróleo liquefeito), que desde Julho do ano passado tem sentido uma subida constante nas vendas, face às quantidades que se consumiam um ano antes, enquanto os restantes combustíveis rodoviários continuam a perder mercado mês após mês. É verdade que em 2010 o consumo desceu em termos homólogos, mas neste momento é o único que contraria a tendência geral do mercado. E embora a diferença nos volumes vendidos seja muito significativa, o GPL tem vindo a ganhar algum terreno.
Um dos meses com mais forte subida foi precisamente Fevereiro deste ano, quando o volume de GPL comercializado subiu 20,1%, em relação ao mesmo mês de 2011, de acordo com os dados divulgados pela Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG). Em contrapartida, o volume de gasolina e gasóleo comprados nos postos de abastecimento manteve-se em queda. No caso da gasolina de 95 octanas, a descida homóloga chegou aos 9,5%, um pouco acima da redução de 7,2% nas quantidades de gasóleo consumido (incluindo o gasóleo especial, de acordo com a DGEG).
Já em Março, último mês para o qual existem dados disponíveis, o retrato foi ligeiramente diferente: o GPL terá perdido algum volume de vendas (menos 2,7% do que no mês homólogo do ano passado), mas a gasolina (95 octanas) caiu mais de 9% e o gasóleo mais de 10%. Em termos de volumes de venda, enquanto que se venderam 2.208 toneladas de gás de petróleo liquefeito, no caso da gasolina foram de 88.221 toneladas e no gasóleo chegaram às 356.748 toneladas (incluindo gasóleo especial), indicam os últimos números preliminares divulgados pela DGEG.
A principal explicação está na diferença de preços, que compensa o investimento na compra de um carro já preparado ou a conversão de um veículo a gasolina, defende o presidente da Associação Nacional de Instaladores e Consumidores de GPL, Miguel Rodrigues. De acordo com a DGEG, que regista os preços médios em Portugal Continental, o custo de um litro de GPL (ou gás auto, como também é conhecido) ronda actualmente 80 cêntimos por litro - ou seja, metade dos 1,6 euros que se pagam em média na gasolina e também abaixo também dos 1,4 euros que custa um litro de gasóleo nos postos de abastecimento.
É possível comprar carros que já vêm preparados de origem, como no caso de alguns modelos da Chevrolet. João Falcão Neves, director-geral desta marca em Portugal, adianta que muitas vezes têm compradores "em fila de espera" para a compra dos chamados carros bi-fuel, que no caso do Spark, um modelo citadino, chega a 50% das unidades vendidas. A diferença de preços entre o modelo a gasolina e a versão que vem já com o sistema instalado pode ficar na casa dos 1000 euros, afirma o mesmo responsável.
No caso da conversão posterior de carros a gasolina (no diesel também é possível, mas não é tão compensador), a procura também está a crescer, indica Miguel Rodrigues, presidente da Associação Nacional de Instaladores e Consumidores de GPL. O responsável lembra que existem oficinas certificadas às quais é melhor recorrer, quando se pensa em converter o veículo.