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A importância de ter um Müller na selecção alemã

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Thomas Müller: o mais recente de uma linhagem ilustre

É tão bom ter um Müller na selecção. Há quarenta anos, Gerd Müller marcou dois golos à URSS numa final do Campeonato da Europa em Bruxelas e a Alemanha levou a taça. Fez sete golos nas eliminatórias e mais quatro na fase final e já tinha sido o melhor marcador do Campeonato do Mundo de 1970, com dez. Resolvia com uma facilidade impressionante algumas das mais delicadas situações do jogo. Chamaram-lhe então o "bombardeiro", nome adequado para um registo impressionante: 723 golos em 771 jogos oficiais, 68 em 62 presenças na equipa nacional.

Talvez por ser pouco fotogénico, Gerd Müller não tem hoje o peso mediático dos seus elegantes companheiros de selecção, Franz Beckenbauer e Günther Netzer, que são comentadores de grandes eventos, ou de Jupp Heynckes, técnico do Bayern. Mas quando se faz a história do futebol alemão continua a ser uma referência obrigatória.

Há outro Müller, menos falado, que também deixou a sua marca. Estreou-se na selecção quatro anos mais tarde, com três golos, e a seu cargo somou seis num só jogo do campeonato alemão em que o Colónia derrotou o Werder Bremen por 7-2. Na fatídica final do Europeu de 1976, resolvida a favor da Checoslováquia, com o famoso penálti de Panenka, Dieter Müller ainda chegou a contribuir para o empate, mas o falhanço de Hoeness, nas grandes penalidades, foi fatal. Nesse campeonato somou quatro golos e foi, por duas vezes, o melhor marcador da Bundesliga, em 1977 e 1978.

Desde então ter um Müller na selecção é uma espécie de talismã para os alemães. Mesmo sem relação de parentesco. O terceiro Müller, Hansi, nunca conseguiu atingir o nível dos seus antecessores, mas foi campeão da Europa em 1980, em Itália. Esteve em 42 jogos da selecção e acabou por fazer igualmente um interessante percurso a nível internacional, no Inter de Itália e no Swarowski Tirol, campeão da Áustria.

O mais recente dos Müller chama-se Thomas e era um desconhecido quando foi inesperadamente promovido a titular no Mundial 2010, após três chamadas apenas à selecção. Tinha 20 anos. Não é um goleador, mas surpreendeu toda a gente ao marcar cinco golos na África do Sul, acabando por encimar a classificação dos melhores rematadores.

Não lhe faltaram convites tentadores para se mudar. É um produto das escolas do Bayern e o seu sonho era jogar na equipa principal. Foi o jogador mais utilizado esta época, o único a fazer os 34 jogos da Bundesliga, e contribuiu com 13 passes decisivos. Outra característica: é o jogador que ganha mais penáltis e o principal apoiante de Mário Gomez (o goleador, com 26 golos), mas ainda marcou por sete vezes.

Thomas Müller era um rapazinho que jogava nas equipas de reservas quando o holandês Louis Van Gaal o integrou no trabalho da equipa principal do Bayern. Heynckes tem continuado a apostar nele e foi o seleccionador Joachim Löw quem o chamou para o Mundial de 2010, surpreendido com a sua capacidade de trabalho.

Aos 22 anos, Thomas Müller chega ao Europeu já com 28 presenças na selecção e vai sentir-se em casa quando jogar hoje frente a Portugal em Lviv, a cidade ucraniana que esteve sob o domínio de vários povos ao longo dos séculos e a que os alemães chamam Lemberg.

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