Em que ponto é que o artesanato urbano e a área social se cruzam? Sónia Nunes, fundadora da Moldarina — uma marca de jóias artesanais criada em 2011 — acredita que ambas têm algo em comum.
Depois da dificuldade de optar entre uma licenciatura em Educação Social ou em Artes, Sónia Nunes, de 32 anos, passou 11 anos a trabalhar em bairros sociais de Almada, Lisboa e Coimbra (de onde é natural.) Mas as circunstâncias quiseram mesmo que Sónia seguisse o mundo criativo e artístico e colocoram-na, em 2006, numa loja de materiais para artesanato.
Esta mudança despertou uma paixão que a fez autodidacta e a levou a aprender a bordar, tricotar, fazer croché, coser à máquina, fotografar, entre outras coisas, como se aquelas não fossem já suficientes. “Desde aí, nunca mais parei”, confessou ao P3.
Em 2011, deixou para trás a Educação Social e criou a marca Moldarina; tentou a sua sorte e dedicou-se, exclusivamente, à produção de jóias artesanais. A palavra Moldarina é uma combinação entre as palavras moldar e bailarina. Moldar com as suas mãos “uma peça única” com a leveza e delicadeza de uma bailarina.
Jóias sobre pessoas e sentimentos
“As jóias que faço não são apenas um adorno, transportam consigo significados. Quem adquire uma peça Moldarina sente-se identificada com a marca, ao mesmo tempo que se sente valorizada. Na área social, o objectivo é semelhante: proporcionar bem-estar”, explica Sónia Nunes.
A produção criativa de Sónia assenta em colecções temáticas. Nas peças Talking about People, explica que “as pessoas são o tema central — é que cada uma retrata um subtema: o casal, a complementaridade, os laços familiares, entre outros”.
O colar We é denso e resistente, composto por fios e nós entrelaçados, representando o sentimento de pertença e segurança; o colar Complementar, mais dinâmico, representa “a mudança e o dinamismo inerente à ligação aos outros para a concretização de objectivos comuns”.
Para Sónia, o artesanato proporciona bem-estar, porque “é uma actividade muito calma e relaxante e, ao mesmo tempo, muito desafiante, porque as ideias nunca se esgotam”. Ainda assim, acredita que “é um conceito pouco definido e com fronteiras muito difusas, onde é encaixado tudo o que não é artesanato tradicional e tudo o que não é design”, considerando que é um “conceito por debater”.
Tornar-se empreendedora numa conjuntura de crise é, na opinião de Sónia, não esperar que a situação mude porque “não se sabe quanto tempo esta crise vai mudar e, como a vida é finita”, prefere arriscar já.