Porto ganhou um dos seus melhores parques, o de Serralves, há 25 anos

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Hoje, no seu 25.º aniversário, a entrada em Serralves é gratuita PAULO PIMENTA

Para celebrar este marco, a fundação que gere o museu, a casa e o parque de Serralves oferece hoje entradas gratuitas

Era um muro fechado. Naquele dia, há 25 anos, a casa cor-de-rosa abriu-se à cidade, dando ao Porto um novo espaço público, então ainda a precisar de reabilitação, e que mais tarde iria albergar também o Museu de Arte Contemporânea, edifício projectado por Siza Vieira. Hoje é dia de festa em Serralves, que a poucos dias de abrir as portas para o Serralves em Festa, decidiu dar uma prenda ao público nesta data de comemoração. No seu 25.º aniversário, a entrada é hoje gratuita para os visitantes.

Em 1987, quando o então primeiro-ministro, Cavaco Silva, inaugurou a Casa de Serralves, a actual sede da Fundação Serralves, apenas parte desta e do seu jardim eram visitáveis. O museu e o parque já eram um objectivo, mas ainda não existiam. Teresa Patrício Gouveia, na altura secretária de Estado da Cultura, e o professor Fernando Pernes, o primeiro director artístico de Serralves, foram figuras importantes para se chegar ao que se concretizou há 25 anos.

Teresa Andresen, arquitecta paisagista, elemento da comissão instaladora e antiga directora do parque, garante que Teresa Patrício Gouveia e Fernando Pernes sempre tiveram a intenção de fazer no Porto "o Museu Nacional de Arte Moderna, conceito que evoluiu para o de Museu de Arte Contemporânea". Para a arquitecta que ainda mantém ligações com a fundação através da Universidade do Porto, é indubitável que há motivos de orgulho nesta história que conta já com um quarto de século. "Não é por ser um projecto de sucesso, é pelo que ele significa, pelos seus conteúdos e pelo impacto que tem tido numa população imensa, não só no Porto, mas muito além", justifica.

Uma caixinha de surpresas

Apesar de a cerimónia oficial de abertura não ter atraído milhares de visitantes, como hoje acontece a cada Serralves em Festa, dezenas de pessoas, que até então só conheciam os muros da propriedade, "estavam fascinadas e os comentários eram incríveis", relembra Cristina Lapa. Mesmo os vizinhos mostravam o seu espanto. A trabalhar em Serralves desde o seu primeiro dia, Cristina garante que esse foi "o abrir de uma caixinha de surpresa para o mundo". Na altura tinha 19 anos e fazia parte de um programa ocupacional para jovens que guiavam as visitas restritas ao parque que viria a abrir, depois de recuperado, um ano depois. Aquele "grupo de miúdos" não tinha a noção de que Serralves se transformaria "naquilo que é hoje, com este peso". O museu que sabiam "que iam ter" era, na altura, "uma coisa virtual", acrescentou. Hoje, Serralves é "um local bonito" onde se "trabalha pela paixão.

Teresa Andresen assinala que o índice de visita turística de Serralves é muito elevado. E que tem crescido nos últimos anos. Para além disso, vinca, mais de cem mil pessoas participam, anualmente, nos programas educativos da Fundação de Serralves. E estes valores são, para a arquitecta paisagista, uma prova incontornável de que Serralves é "uma instituição com grande impacto na construção da cidadania no Norte de Portugal e no conhecimento das artes e do ambiente", servindo os propósitos para os quais foi inicialmente criada.

No livro Serralves - 20 Anos e Outras Histórias, do jornalista Sérgio C. Andrade, lê-se que as primeiras exposições celebradas na casa cor-de-rosa foram Obras Doadas e Cedidas para o Futuro MNAM, Viena, 1900 e Obras de Uma Colecção Particular (Paula Cooper, Nova Iorque) e que, conforme recorda Teresa Andresen, vieram realizar "um sonho que vinha dos anos 70 do Museu Nacional Soares dos Reis". PÚBLICO/Lusa

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