Cinquentenário da Orquestra Gulbenkian serve de mote à temporada apresentada ontem

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A Filarmónica de Berlim, dirigida por Simon Rattle, chega em Novembro e é um dos destaques Johannes Eisele/Reuters

Veremos a Orquestra Gulbenkian por dentro e por fora e formações de topo como a Filarmónica de Berlim e a Orquestra do Concertgebouw

Os 50 anos da Orquestra Gulbenkian serão o tema central da próxima temporada Gulbenkian, divulgada ontem pelo director do Serviço de Música, Risto Nieminen, mas a programação promete muito mais. Pelo Auditório da Avenida de Berna passarão duas das orquestras mais conceituadas do mundo (a Filarmónica de Berlim e a Orquestra do Real Concertgebouw de Amesterdão), estrelas do canto como Joyce di Donato e Karita Mattila e pianistas como Grigory Sokolov, Kissin, Perahia, András Schiff e Zoltan Koccsis. O ciclo Teatro/Música apresenta a primeira audição em Portugal da ópera Emilie, de Kaija Saariaho, colaborações com Anne Teresa de Keersmaeker, Jérôme Bel (3Abschied) e Sasha Waltz (Gefaltet) e o ciclo Músicas do Mundo incorpora artistas com carreiras paralelas no âmbito da erudita como Viktoria Mullova e a Accademia del Piaccere.

Depois do ciclo Wagner + no ano passado, será agora a vez do Festival Debussy + em Fevereiro. Destaca-se Le Martyre de Saint-Sébastien e a participação de Marc-André Dalbavie, compositor e maestro em residência. Schubert estará também em destaque através das integrais das sonatas para piano e dos quartetos de cordas, por Elisabeth Leonskaja e pelo Quarteto Casals.

Os 50 anos da Orquestra Gulbenkian servem de pretexto à abordagem da vida interna das orquestras e como convite à reflexão sobre o percurso do agrupamento residente da fundação, que será dirigido por maestros como David Zinman, Paul McCreesch, René Jacobs, John Nelson e David Afkham, entre outros, além do seu titular, Lawrence Foster. A temporada abre dia 15 de Setembro precisamente com uma série de concertos, encontros com artistas, filmes e uma exposição sobre a vida diária da Orquestra Gulbenkian retratada pela fotógrafa catalã Laia Abril.

Além da Filarmónica de Berlim, dirigida por Simon Rattle, e da Orquestra do Concertgebouw, regressa a Mahler Chamber Orchestra (com os pianistas Nicholas Angelich, Leif Ove Andsnes e Mitsuko Uchida) e estarão presentes outras formações de topo como é o caso da Orchestre des Champs-Élysées de Philipe Herreweghe, da Orquestra Barroca de Amesterdaão de Ton Koopman e da Akademie für Alte Musik Berlin, com René Jacobs, na interpretação de A Flauta Mágica, de Mozart. As duas últimas integram o Ciclo de Música Antiga juntamente com o Complesso Barocco de Alan Curtis e a meio-soprano Joyce di Donato, o Baltthasar-Neumann Ensemble e a citada Accademia del Piaccere. O ciclo aposta também em três agrupamentos portugueses especializados no Barroco: o Divino Sospiro; o Ludovice Ensemble e Os Músicos do Tejo. Tal como nas anteriores temporadas de Nieminen, a Idade Média e o Renascimento continuam ausentes.

No domínio da música portuguesa, foram encomendas novas obras a António Pinho Vargas (Requiem) e a Vasco Mendonça, dá-se continuidade à tradição do Te Deum do Dia de S. Silvestre (31 de Dezembro), sob a direcção de Jorge Matta (com a estreia moderna da versão de Leal Moreira composta em 1786) e ao Festival Jovens Músicos (27 e 29 de Setembro). Outras obras incluídas na programação mostram alguns passos em frente no domínio do repertório português, mas a presença deste continua a ser muito reduzida no conjunto da temporada.

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