EDP e BPN. Foram estes os alvos da acção de protesto “A Cultura é barata” que esta madrugada deixou marcas em várias sedes espalhadas por Lisboa, Porto, Coimbra e Faro.
Objectivo? “Mostrar aos portugueses quais é que têm sido as escolhas políticas nos últimos anos e o que representam para o sector cultural”, pode ler-se num comunicado enviado ao P3 no qual os seus promotores se declaram “fartos do desrespeito, da humilhação, agressividade e desprezo pela Cultura”.
“Entregou ao BPN 40 anos de Cultura”, “Entregou aos novos donos da EDP um ano de Cultura”, “Gastou 11 anos de apoio à Cultura em espingardas”, “Entregou à Lusoponte cinco anos de apoio à criação”. Estas foram algumas das frases coladas nas montras de algumas sedes da EDP e BPN por um grupo anónimo que pretende reivindicar a falta de investimento no sector cultural.
“A inevitabilidade dos cortes foi e continua a ser uma política deliberada e consistente do Estado se demitir da missão de garantir o acesso e a fruição cultural aos seus cidadãos”, explica este grupo, com uma denúncia na ponta da língua. “Chegámos hoje a uma situação em que o orçamento para Cultura deixou de ser um investimento para se tornar um ‘gasto’, com conotações quase criminosas, algo politicamente indefensável”, prosseguem, deixando claro que o principal objectivo passa por “recolocar a discussão pública sobre a Cultura”.
“Este retrocesso colocou a arte e a criação sob a mira de ataques gratuitos e destruiu na prática toda a frágil legitimidade social que os agentes culturais construíram desde o 25 de Abril. Perdemos a noção da Cultura como fonte de conhecimento e desenvolvimento. É por isso necessário clarificar ao que corresponde realmente o ‘monstro’ da Cultura: em 2012 apenas 0,1 por cento do Orçamento de Estado foi para a o sector cultural, ou seja, uma redução nominal de 75 porcento desde o ano 2000”.
A ideia de que a Cultura é uma despesa enorme, dizem os activistas, “não tem qualquer cabimento”. “É ridículo que a Cultura esteja sofrer cortes desmesurados para financiar bancos envenenados e parcerias PPP’s a preço de ouro, cortes que mais não representam do que uma gota no oceano dos fundos perdidos no BPN, nos subsídios à EDP, nos negócios por esclarecer entre a CGD e a Estradas de Portugal, entre muitos outros”.