O primeiro Homens de Negro (1997) era uma fita divertida que sabia jogar com graça com os lugares-comuns das teorias da conspiração em modo “buddy-movie”; o segundo (2002) desbaratava essa graça porque apenas existia por o primeiro ter tido sucesso. A produção deste terceiro não seria por isso expectável, só que os estúdios americanos hoje em dia parecem só acreditar naquilo que já provou ser rentável, e ei-lo, colocando Will Smith a voltar atrás no tempo para impedir que um vilão susceptível mate o Josh Brolin de 1969 que virá a ser Tommy Lee Jones em 2012. (Sim, é o Exterminador Implacável de Cameron e Schwarzenegger em versão cómica.)
É verdade que não há muito mais a fazer que não seja variações sobre o tema “Homens-de-Negro-salvam-o-mundo-de-ETs-maus-como-as-cobras”, e a frescura do original já se perdeu há muito. Mas o novo episódio vê-se com agrado e sem fastio, com o charme de Smith no máximo, a divina Emma Thompson a ser divina (mesmo em modo alimentar) e, sobretudo, duas invenções geniais: a ideia da Factory de Andy Warhol como um clube-nocturno para exilados alienígenas, e a personagem de Michael Stuhlbarg, ET que consegue ver os múltiplos futuros possíveis antes do curso dos acontecimentos escolher aquele que vai ter lugar. Além do mais, um intervalo de dez anos entre o segundo e terceiro filmes ajuda muito a neutralizar a irritação causada por uma Hollywood onde já não parece haver uma ideia original há muito tempo.