Cavaco elogia Acordo Ortográfico mas confessa que em casa ainda escreve à moda antiga

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Cavaco visitou Feira do Livro em Díli apostou na dvivulgação da língua portuguesa em Timor-Leste Foto: Miguel Madeira

Durante a inauguração da Feira do Livro de Díli, Cavaco Silva visitou as várias bancas e, numa delas, destacou os livros já adaptados ao novo Acordo Ortográfico (AO).

Questionado se se adaptou à nova grafia, o Presidente da República lembrou que o AO foi ratificado pela Assembleia da República e entrou em vigor para os serviços públicos em 2012.

“Todos os meus discursos saem com o acordo ortográfico mas eu, quando estou a escrever em casa, tenho alguma dificuldade e mantenho aquilo que aprendi na escola. Mas isso é algo privado em casa, coisa diferente é a divulgação oficial de todos os documentos da Presidência”, sublinhou, salientando que não só concorda com este Acordo como participou activamente na ratificação.

“Quando fui ao Brasil em 2008, face à pressão que então se fazia sentir no Brasil, o Governo português disse-me que podia e devia anunciar a ratificação do acordo, o que fiz”, lembrou.

Na visita à Feira do Livro de Díli, um dos últimos pontos da agenda em Timor-Leste, Cavaco Silva esteve acompanhado do Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, e a meio do percurso juntaram-se também o primeiro-ministro timorense Xanana Gusmão e o ex-Presidente timorense Ramos Horta.

Na cerimónia de inauguração da Feira, o presidente português sublinhou a importância de iniciativas como esta para a promoção da língua portuguesa.

“Não ignoro a complexidade de que se reveste, para as autoridades timorenses, o problema da alfabetização (...) Estou certo de que Timor-Leste tudo fará para continuar, como até agora, a participar empenhadamente na tarefa, difícil mas grandiosa, que é a afirmação internacional do espaço da língua portuguesa”, disse.

Na Feira, foi lançado o primeiro Dicionário de Malaio/Indonésio-Português, de Geoffrey Hull, que Cavaco Silva irá agraciar com o grau de Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique.

O Presidente entregou ainda duas bibliotecas itinerantes às autoridades timorenses e lembrou a importância que teve em Portugal este tipo de iniciativas.

“Isto em Portugal foi um sucesso, foi a Fundação Gulbenkian que lançou estas bibliotecas e que deu um contributo importante na divulgação da leitura principalmente nas freguesias mais distantes das cidades”, disse.

Na Feira do Livro de Díli, que já vai na V edição, os timorenses têm à disposição mais de 25.000 volumes, entre livros infantis, académicos e de ficção, coexistindo lado a lado autores da lusofonia como José Eduardo Agualusa, Pepetela e António Lobo Antunes, clássicos como Eça de Queirós ou Camões e campeões de vendas como Margarida Rebelo Pinto e José Rodrigues dos Santos.