Não é uma revista só de Arquitectura nem só de Engenharia. Na Cadernos d’Obra há um “entrosamento multidisciplinar” das duas áreas e é essa a “grande mais-valia” do projecto.
A avaliação é da coordenadora editorial, Bárbara Rangel, que acredita que terá sido esta particularidade que convenceu o júri da VIII edição da Bienal Ibero-Americana de Arquitetura e Urbanismo (BIAU), que deu à Cadernos d’Obra o galardão na categoria “publicação periódica”. Um prémio para juntar às seis obras arquitectónicas portuguesas também distinguidas nesta edição, onde Portugal foi o país com mais galardões.
A distinçaõ da Cadernos d'Obra foi conseguida entre 230 propostas, do qual saíram prémios para três livros, três publicações periódicas e um programa de rádio. Também trabalhos de investigação foram analisados pelo júri, que distinguiu entre 72 propostas a tese académica de João Rodrigo Parreira Coelho, “Formas e desígnios do espaço público na cidade contemporânea. O projecto do espaço público na construção da cidade: casos portugueses”, que o português defendeu em Janeiro deste ano na Universidade do Porto.
Bárbara Rangel, a coordenadora da Cadernos d’Obra, é uma arquitecta entre engenheiros, a trabalhar na Gequaltec, unidade de investigação da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). E a fazer cair mitos: engenheiros e arquitectos sempre às turras? “Já não é bem assim.”
Revista anual bilingue
Essa é a luta da Cadernos d’Obra, revista anual bilingue com uma tiragem de mil exemplares que tem sempre um edifício como tema central. É a partir da extensa entrevista ao arquitecto da obra eleita que se desenvolve o resto: análise do projecto, artigos científicos de temas que a obra sugere.
A quarta edição, com lançamento previsto para Setembro e com o Museu dos Coches como tema central, vai estreitar ainda mais a relação entre Arquitectura e Engenharia: há entrevistas a Paulo Mendes da Rocha (arquitecto) e a Rui Furtado (engenheiro).
O prémio da BIAU vai acelerar provavelmente acelera a expansão para o “mundo ibérico e latino americano”. A revista está, para já, à venda em Portugal e Espanha e o objectivo é fazê-la chegar ao Brasil, Chile e Estados Unidos. Por 20 euros.
Os rebentos da Cadernos d'Obra
Além da revista anual, o projecto da FEUP tem ainda a Sebentas d'Obra, um projecto trimestral que nasceu por sugestão da Ordem dos Engenheiros. Pediram-lhes para organizar conferências, propuseram fazer uma revista que fosse complementar a esses eventos. A próxima edição – que deve estar pronta antes do Verão - vai sair da cidade do Porto e viajar até à capital, mas a obra protagonista ainda não foi revelada.
No dia 31 de Julho, estará disponível A Livros d'Obra, que vai centrar-se no tema “fissurações de fachadas”. Com uma tiragem de 500 exemplares, tal como a Sebentas d'Obra, o projecto faz pequenos “livros técnicos sobre temas específicos de construção”.
A BIAU, organizada pelo Ministério do Fomento espanhol, decorre de 10 a 14 de Setembro, em Cádiz, Espanha.